Em ata, diretores da instituição reforçaram que continuam vigilantes, mas abandonaram a ideia de que seja possível conter em 2015 os efeitos do realinhamento dos preços e esticaram o prazo para o "horizonte relevante para a política monetária", ou seja, dois anos.

Assim como fez no comunicado que se seguiu à decisão de manter a taxa básica de juros em 14,25% ao ano, a diretoria do Banco Central mudou o parágrafo 30 da ata divulgada nesta quinta-feira da reunião do Copom. No lugar de escrever que as decisões futuras de política monetária serão tomadas para assegurar a convergência da inflação para a meta de 4,5% ao final de 2016, os diretores esticaram o prazo para o "horizonte relevante para a política monetária". Ou seja, eles esperam inflação maior neste e no próximo ano.

A instituição abandonou a tese de que seria possível segurar em 2015 os efeitos de segunda ordem na inflação decorrentes do processo de realinhamento de preços. No texto, o BC retirou o trecho que afirmava que a política monetária estava "circunscrevendo" a contenção desses efeitos neste ano.

Para o Copom, a inflação em patamares elevados reflete, em grande parte, os efeitos de dois processos de ajustes na economia - realinhamento dos preços domésticos em relação aos internacionais e realinhamento dos preços administrados em relação aos livres. Em outras palavras, o aumento dos preços é impactado pela alta do dólar e pelo reajuste de taxas, como de energia e gás.

O comitê considera agora que "ao longo de 2015" esses ajustes de valores tornaram o balanço de riscos para a inflação desfavorável. Na ata anterior, o Copom citava o período da "primeira metade" do ano.

O BC também mudou avaliação de que o setor imobiliário será importante para favorecer os investimentos, como vinha citando até a edição passada do documento. Agora, de acordo com o colegiado, auxiliarão os investimentos a concessão de serviços públicos e a ampliação da renda agrícola, entre outros.

No caso das vendas externas, o BC também mudou um pouco o texto. Segundo a ata, as exportações líquidas apresentam melhor resultado, seja pelo aumento das exportações, beneficiadas pelo cenário de maior crescimento de importantes parceiros comerciais e pela depreciação do real, seja pelo processo de substituição de importações em curso. Até então, a autoridade monetária dizia que as exportações ainda deviam ser beneficiadas pelo cenário externo e pela baixa do real. Isso começava a se traduzir em melhores resultados para o setor externo, o que agora foi constatado pelo BC.