Desde 2010 não se via tanta gente que se conhece desempregada. O número de brasileiros nesta situação tem aumentado bastante segundo pesquisa do Ipsos e da Associação Comercial de São Paulo. Cada brasileiro conhece mais de seis pessoas desempregadas, entre parentes, amigos e conhecidos. Em setembro de 2015, o indicador estava em quatro pessoas, na média.
Esse número de conhecidos desempregados aumenta para sete entre as classes de menor renda, D e E, principalmente na região Sudeste do país, onde se concentra a maior parte da indústria afetada pela crise.
"Esse é um índice real de desemprego revelado pelo cidadão comum próximo ao seu rol de convivência, que mostra a precariedade do mercado de trabalho em nosso país hoje com mais de 12 milhões de trabalhadores desempregados", ressalta Canindé Pegado, presidente do SINCAB.
Cada brasileiro tem contato hoje com mais de seis pessoas que estão desempregadas, entre parentes, amigos e conhecidos. Essa é a maior marca em mais de seis anos, quando a agência de pesquisas Ipsos começou a apurar o Índice Nacional de Confiança do Consumidor (INC) a pedido da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), em janeiro de 2010.
O número de conhecidos desempregados passa de sete entre as classes de menor renda, D e E, e na região Sudeste do país, que concentra boa parte da indústria, que foi muito afetada pela crise. “Esse é o índice de desemprego que o próprio cidadão comum faz”, observa o economista da ACSP, Emílio Alfieri. Ele pondera que o resultado é coerente com o número recorde de desempregados que chega a 12 milhões de trabalhadores no país.
Um resultado tão negativo, que supera de longe o de setembro do ano passado, quando cada cidadão conhecia um pouco mais do que quatro desempregados, mantém a insegurança em relação ao emprego em níveis elevados. De acordo com a pesquisa, que ouviu 1.200 pessoas em todas as regiões do país na primeira quinzena do mês passado, 52% deles se declararam inseguros com o seu emprego e de seus familiares comparado com seis meses atrás. Essa é a mesma marca registrada em agosto deste ano.
Compras
A realidade do desemprego entre amigos e conhecidos e o temor de perder o emprego ampliam a cautela nas intenções de compras. Em setembro, 64% dos entrevistados se declararam pouco à vontade em relação a seis meses atrás de levar para casa produtos de valor elevado, como geladeira, fogão ou lavadora, e 69% não estavam dispostos a assumir financiamentos para adquirir casa ou carro.
A cautela nas compras também apareceu no resultado de vendas de setembro na cidade de São Paulo. No mês passado, entre as consultas para vendas a prazo e à vista, o volume de negócios foi 7,8% menor comparado com o de setembro do ano passado.
Apesar da retração, o economista da ACSP pondera que a queda é menor do que a acumulada no primeiro semestre, de 11,1% , e também a acumulada no ano, de 9,9%. “O ritmo de retração das vendas está se reduzindo mês a mês”, observa.
Parte dessa desaceleração ocorre por causa da base de comparação fraca, que é setembro do ano passado. Outra parte ocorre porque, apesar de o cenário atual da economia ainda ser ruim, a confiança do brasileiro está melhorando por conta das expectativas mais favoráveis em relação ao futuro.
No mês passado, o Índice Nacional de Confiança do Consumidor calculado pelo Ipsos e pela ACSP atingiu 74 pontos, com alta de seis pontos em relação a agosto, mas cinco pontos abaixo ante setembro do ano passado. Alfieri ressalta que o indicador varia entre zero e 200 pontos e que abaixo de 100 pontos o terreno ainda é negativo. “Por enquanto o que existe é a expectativa que vai melhorar”, diz o economista.