Especialistas alertaram que, se aprovada, a nova regra deveria potencializar as dívidas dos trabalhadores e, consequentemente, corroer o orçamento das famílias. “A medida estimularia o endividamento, que já se encontra em patamares elevados. Num período em que a economia está estagnada e há aumento do desemprego, é como esticar mais a corda para o consumidor se enforcar”, advertiu a coordenadora institucional da Associação de Consumidores Proteste, Maria Inês Dolci.

Sob a alegação de que "sem a introdução de contrapartidas que ampliassem a proteção ao tomador do empréstimo, a medida proposta poderia acarretar um comprometimento da renda das famílias para além do desejável e de maneira incompatível com os princípios da atividade econômica", a presidente Dilma Rousseff vetou, nesta sexta-feira (22), o aumento do limite de crédito consignado de 30% para 40% da renda do trabalhador.

O aumento do limite do desconto foi incluído no texto da Medida Provisória (MP 661/14) pelo deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG).

Segundo mensagem enviada por Dilma ao presidente do Senado, Renan Calheiros, "A proposta levaria, ainda, à elevação do endividamento e poderia resultar na ampliação da inadimplência, prejudicando as próprias famílias e dificultando o esforço atual de controle da inflação", diz o Diário Oficial da União.

Atualmente o chamado crédito consignado é descontado direto na folha de pagamento e liberado para empréstimos e financiamentos em um limite de até 30% da remuneração. Se a medida fosse aprovada, o trabalhador poderia comprometer mais 10% do salário para pagar o cartão de crédito. Na prática, o teto de endividamento em operações descontadas da folha passaria a 40%.