Do total já garantido pelo governo para o superávit deste ano, 85% serão bancados pela população. Apenas R$ 7 bilhões são cortes na máquina pública, basicamente de despesas de custeio, como cafezinho e xerox.

Você sabe para que serve o superávit primário feito pelo governo? A maioria dos brasileiros não sabem o que é e para que serve o superávit primário feito pelo governo. O superávit primário nada mais é, que a economia de recursos feita pelo governo para manter as contas no azul e garantir um saldo extra para o pagamento da dívida pública. Sabendo ou não, a realidade é que neste ano todos os brasileiros vão tirar mais dinheiro do bolso para ajudar nessa economia. Ou seja, dos recursos já garantidos para o superávit pelo governo para esse ano, 85% serão bancados pela população brasileira.

Segundo Mansueto Almeida, economista do IPEA, as medidas anunciadas pelo ministério da fazenda conseguiram reunir até agora R$ 45 bilhões dos cerca de R$ 66 bilhões que fixou como meta para 2015. O compromisso assumido é de economizar o equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto do ano. Porém o governo tem feito pouco sacrifício. Apenas R$ 7 bilhões são cortes na máquina pública, basicamente de despesas de custeio.

A conta pesada vai sair mesmo do orçamento das famílias, o equivalente a R$ 38 bilhões. A cobrança virá através de tributos, como a volta da Cide nos combustíveis e a mudança no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), com o fim da desoneração de veículos e a alta na taxa para cosméticos. "Não tinha como ser diferente porque esforço fiscal se faz com corte de gasto ou alta de tributo. Ainda assim, o governo terá dificuldades para cumprir a meta.", diz Mansueto.

Segundo o economista, nem tudo que foi dito por técnicos do governo será cumprido. Dos R$ 18 bilhões anunciados com as mudanças em benefícios sociais, como pensão das viúvas jovens e seguro-desemprego, deverão cair para R$ 3 bilhões.

Por outro lado, as despesas com o Bolsa Família vão crescer e reduzir os ganhos das medidas. Para Mansueto Almeida, o fim da desoneração da folha de pagamento, gerou tanta polêmica que é uma incógnita. Ele nem a considerou na estimativa. "Para fechar a meta, o governo terá de fazer um corte brutal de investimentos ou elevar carga tributária, punindo o já comprometido crescimento", disse ele.

O governo porém, tem sinalizado que vai fazer a lição de casa, podendo cortar ministérios para dar a sua contribuição. Mas, para Fábio Klein da Tendências Consultoria, ela é apenas "simbólica". "De nada adiantaria. Os ministérios virariam secretarias. Não haveria demissões. A conta em pouco cairia. Só uma reforma no Estado mudaria o cenário", afirmou ele.