As expectativas com relação às vendas no comércio varejista brasileiro em 2016 não são muito animadoras. Um levantamento feito pelo IBGE mostra que depois de uma leve alta em junho, o comércio voltou a recuar em julho. O recuo foi de 0,3% em relação a junho. Já em relação a julho do ano passado, o comércio recuou 5,3%. Essa é a maior queda desde o início da série histórica, em 2001.

"Todas essas baixas freqüentes da atividade comercial, são reflexos dos ajustes feitos pelas famílias em seus orçamentos, para se adaptar a nova realidade de consumo em tempos de crise. Muitas famílias perderam empregos e renda, e por esse motivo tiveram que mudar os hábitos de consumo, comprando somente o necessário para sua sobrevivência. Tudo isso é tão somente as conseqüências da famigerada crise econômica, que se arrasta desde 2014 e está dilacerando o setor produtivo", explica Canindé pegado, presidente do SINCAB.

Depois de mostrarem uma leve alta no mês anterior, as vendas do comércio varejista brasileiro voltaram a recuar em julho. Em relação a junho, a retração foi de 0,3%, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (13).

Já em relação a julho do ano passado, o comércio recuou 5,3%. Essa é a maior queda - nessa base de comparação - desde o início da série histórica, em 2001.

No ano, o volume de vendas também apresenta resultado negativo de 6,7% e, em 12 meses, de 6,8% - mostrando também a queda mais intensa da série, considerado o período.

Em relação a julho do ano passado, as vendas do varejo foram impactadas principalmente pela queda nos ramos de móveis e eletrodomésticos (-12,4%) e de outros artigos de uso pessoal e doméstico (-11,6%). Na sequência, aparecem os combustíveis e lubrificantes (-9,9%) e tecidos, vestuário e calçados (-14,2%).

Ao contrário do observado na comparação mensal, o volume de vendas do setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo recuou 0,1%, ficando praticamente estável.

Já de junho para julho, o que mais influenciou negativamente foram as vendas de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,3%) e de combustíveis e lubrificantes (-0,3%). Os dois grupos têm os maiores pesos no cálculo da taxa geral do varejo.

“O hipermercado está com inflação alta, renda, ele tem essa influência, mas quando você decide que por uma questão orçamentária, perda de emprego com carteira assinada, que são fatores fortes para as vendas parceladas, você deixa de consumir artigos mais caros que envolvem parcelas que vão comprometer seu orçamento em tempo maior. Provavelmente as famílias já fizeram seus ajustes [nos seus gastos] e estão repetindo as vendas de supermercado que fizeram nos meses anteriores, mas não estão avançados nelas”, analisou Isabella Nunes, gerente de serviços e comércio do IBGE.

De acordo com a técnica, juntos, os segmentos de combustível e hipermercados somam 60% do resultado do comércio. “No total geral, o patamar de vendas está muito próximo nos últimos três meses, só que esse patamar, que está estável, esse aproxima de 2012 e volta a 2012. Essa relativa estabilidade não dá para dizer que é recuperação, mas parar de cair tão intensamente como vinha”, analisou.

O consumidor brasileiro também comprou menos tecidos, vestuário e calçados (-5,8%); livros, jornais, revistas e papelaria (-1,2%); móveis e eletrodomésticos (-1,0%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,9%).

Na contramão, cresceram as vendas de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (5,9%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,7%).

 

Automóveis e material de construção

Considerando o comércio varejista ampliado, que inclui a venda de automóveis e materiais de construção, a variação foi de -0,5%.

 

Por regiões

Em julho, recuaram as vendas do comércio de 16 das 27 unidades da federação, na comparação com junho. A maior baixa partiu de Mato Grosso (-3,5%) e a menor, de Minas Gerais (-0,1%). Por outro lado, subiram as vendas em Roraima (4,0%) e no Amazonas (3,4%).

Frente ao ano passado, o varejo teve resultado negativo em quase todas as regiões. No Amapá, a queda foi de 18,9%, no Pará, de 15,5%, em São Paulo, de 3%, no Rio de Janeiro, de 5%, e Bahia, de 13,4%. Apenas Roraima registrou alta, de 3,2%.

 

Receita nominal

Para receita nominal, foi registrada alta de 0,7% em relação a junho - a quarta taxa positiva seguida.