Dois indicadores que procuram averiguar as condições do mercado de trabalho mostraram resultados contraditórios em outubro. Enquanto a percepção do setor privado teve uma melhora, embora pontual, no mês passado, a da população teve uma piora na mesma magnitude, de acordo com a FGV (Fundação Getulio Vargas).

O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp), que procura antecipar o movimento do mercado de trabalho, subiu 5% em outubro, alcançando 65,1 pontos. A FGV pondera que, em médias móveis trimestrais, o indicador continua em queda (-0,3%), mostrando que ainda é cedo para se interpretar como uma inversão de tendência.

Os itens que mais contribuíram para a alta desse indicador antecedente foram os que mensuram o ânimo empresarial para contratação para os próximos três meses na indústria, e a situação atual dos negócios para os próximos seis meses nos serviços, com aumentos de 17,2% e 12,8%, respectivamente, ante setembro.

Já o Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), que mede a percepção dos consumidores com relação à perspectiva do mercado de trabalho, subiu 5,4%, indicando que se espera um aumento no desemprego. Com isso a alta de outubro, o indicador atingiu 97,6 pontos, o maior nível da série desde março de 2007.

Assim como em setembro, as classes que mais contribuíram para a variação do ICD foram as duas extremas opostas: de um lado, os consumidores com renda até R$ 2.100,00, em que o indicador subiu 8,1%; e, do outro, a dos que possuem renda superior a R$ 9.600,00, com alta de 6,1%.

"A melhora do indicador antecedente em outubro deve ser interpretada com cuidado, pois não há evidências de uma retomada das contratações, mas, provavelmente, de uma estabilização do emprego para o mês corrente. Já a acentuada alta do indicador coincidente reflete a deterioração rápida e contínua do desemprego, puxado principalmente pela piora na percepção do mercado de trabalho de consumidores de famílias pobres e ricas, o que pode indicar elevada dificuldade em se obter uma vaga de trabalho", afirmou, em nota, Rodrigo Leandro de Moura, pesquisador da FGV/Ibre.