6 setores que mais demitiram refletem apenas 2,5% dos desligamentos. Nota divulgada pelo instituto também destaca aumento da informalidade.

A alta do desemprego entre 2014 e 2015 refletiu mais a queda no número de contratações que a quantidade de demissões, diz o estudo “Análise da Dinâmica de Emprego Setorial”, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta sexta-feira (15).

“É possível notar que o aumento do desemprego não vem de um aumento nos desligamentos, mas sim de uma diminuição nas contratações”, diz a nota assinada pelos técnicos de planejamento e pesquisa do Ipea, Brunu Amorim e Carlos Henrique Corseuil.

A análise baseou-se em dados da Pnad Contínua para mostrar que a taxa de desligamentos no país teve uma trajetória de queda entre o 4º trimestre de 2014 e o 3º trimestre de 2015: caiu de 9,8% no segundo trimestre para 8,9% no terceiro trimestre do ano passado.

Em contrapartida, a análise aponta que as contratação de trabalhadores em 2015 ficaram abaixo dos anos anteriores até 2012, com taxa negativa de 0,2% no segundo trimestre do ano passado e de 0,3% no terceiro.

 

Setores que mais demitiram

A análise também aponta que os seis setores que mais demitiram no período, com a indústria textil na liderança (taxa de 16,3%), não foram os que mais contribuíram com o total de desligamentos no país, segunda a Pnad Contínua.

Quatro desses setores – além do textil, produção florestal, atividades de saúde com assistência social e consultoria em gestão empresarial – responderam, juntos, por apenas 2,5% do total de demissões no país.

A nota divulgada pelo Ipea destaca que o setor que mais contribuiu para os desligamentos entre 2014 e 2015 foi o de “comércio, exceto de veículos automotores e motocicletas”, com 16,3% de todas as demissões no país, seguido pelo serviço doméstico e agricultura, pecuária e caça.

“Esse setor é seguido pelos de “agricultura, pecuária, caça e serviços relacionados” e de “serviços domésticos”, sendo que esses três setores juntos respondem por mais de 40% dos desligamentos, concentrando, portanto, uma parcela razoável dessa margem do ajuste do emprego”, diz a nota.

 

Informalidade

A análise aponta, ainda, que apesar da tendência de queda no emprego informal até meados de 2014, ela foi revertida a partir do segundo trimestre de 2014, “quando a taxa de informalidade registrava 43,9%”.

Desde esse momento, a taxa de informalidade vem subindo e alcançou a marca de 45,1% no terceiro trimestre de 2015, diz a nota citando os dados do Pnad.

“Enquanto o comércio apresentou taxa de variação de empregos formais quase estável e abaixo da média nacional, o setor de serviços domésticos alcançou uma taxa bastante acima da mesma média – o que provavelmente evidencia as consequências dos direitos trabalhistas dados a esse grupo de trabalhadores”, diz o Ipea.

 

Dados do Caged

As demissões superam as contratações em 130.629 vagas em novembro, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgadas nesta sexta-feira (15) pelo Ministério do Trabalho. Este foi o oitavo mês seguido de fechamento de vagas formais.

Com a redução de vagas formais, o número de trabalhadores com carteira assinada, em todo o país, também tem recuado. No fim de novembro de 2014, um ano atrás, 41,78 milhões de pessoas tinham emprego com carteira no Brasil. No mês de novembro, o número de trabalhadores empregados já tinha recuado para 40,26 milhões – o menor patamar desde março de 2013.