Crescimento da audiência e da quantidade de canais marcam da TV por assinatura

Foi-se o tempo que ter acesso à TV por assinatura em casa era sinônimo de luxo. Hoje em dia, o serviço está cada vez mais acessível e com cerca de 220 canais disponíveis no Brasil. Ambos fatores fazem com que a adesão seja cada vez maior e levam ao aumento do ibope. Recentemente, foi divulgada uma pesquisa que mostra que a pontuação média de audiência dos canais por assinatura foi de 8,1 pontos no ano passado. Número superior aos dados de canais abertos como Record (5,5) e Band (2,3), juntos.

Assim como esse, todos os dados quantitativos em relação à TV paga são positivos. Em 2013, a abrangência, a quantidade de assinantes, o faturamento e até a quantidade de empregos gerados tiveram crescimento, segundo dados da Anatel.

Por trás de tudo isso, está o conteúdo dos canais que os diferenciam das emissoras disponibilizadas gratuitamente. “A principal diferença é que a TV aberta é generalista, enquanto a TV por assinatura é segmentada. Na Globo, Record ou SBT, por exemplo, você tem dramaturgia, esporte, jornalismo. Na TV fechada, já existe uma segmentação muito maior. Os canais organizam-se por temas ou gêneros de acordo com as características dos assinantes”, comenta o especialista em TV e doutor em semiótica e linguística geral pela USP Conrado Mendes.

As atrações disponibilizadas pelo canal podem até não ter milhões de espectadores, como um “BBB” ou uma novela das nove, porém, atingem diretamente os interessados. “Prefiro a TV paga porque tenho mais opções de atrações. Assim, posso escolher sempre o tipo de programa que quero ver baseado nos assuntos que mais me interessam”, afirma o produtor e designer Eduardo Pônzio, que assiste, em média, seis horas de televisão por dia.

Público. Além dos tradicionais canais exclusivos de filmes, noticiários e desenhos animados, atualmente, os canais direcionam o foco para um público específico.
Assim acontece com os canais Arte 1, voltado para as artes, o PlayTV, para games, e o independente, Curta!, cujo diretor, Julio Worcman, discorre sobre o que faz um canal da TV paga ser reconhecido pelo público. “Cada canal segmentado de TV paga nasce visando encontrar o público a que se destina, tornando-se um ‘sucesso’ quando consegue realizar esse encontro”, diz.

E esse encontro pode ser ainda mais feliz, do lado do telespectador, quando ele se identifica com mais e mais atrações. Esse é o caso da assessora de imprensa Angela Azevedo. “Adoro muitos programas que passam no GNT. Sou apaixonada por ‘Sessão de Terapia’. Assisti às duas temporadas. Também gosto dos programas sobre decoração, como o ‘Decora’”, diz.

“Zapeadora” confessa, Angela admite que não resiste a algumas “bobagens”. “Tem programas divertidíssimos, como o ‘Guerra de Cupcakes’ (reality show em que quatro pessoas lutam para servir seus bolinhos em um evento importante), do Discovery Home and Health, por exemplo”, diz. Mas o que ela indica mesmo é programa “Zoombido”, com Paulinho Moska, do Canal Brasil. “Acho excepcional”.

Também fã do GNT, o repórter do “GNT Fashion” indica um programa do canal como um dos seus preferidos: o “Casa Brasileira”. “Ele fala de arquitetura e arte brasileira e, assim, faz um retrato lindo das casas do Brasil. Além disso, é leve e gostoso de assistir”, comenta Caio.

De canal diferente, mas da mesma “fábrica de canais”, como é conhecida a Globosat, está o Multishow. Versátil – com documentários, séries, clipes e até programa para adultos –, mas com foco no humor, é um dos queridinhos dos jovens. No ano passado, transmitiu o humorístico “Vai que Cola”, o programa de maior audiência da TV paga nos últimos dez anos.

“O ‘Vai que Cola’ terminou a primeira temporada de episódios inéditos com um índice de audiência jamais alcançado por outra série nacional ou programa de humor na TV paga brasileira na última década. Para a próxima temporada, já temos confirmadas participações de mais alguns nomes fortes, como Fabio Porchat, Marcelo Médici, Tatá Werneck, Julia Rabello e Fabio Rabin”, afirma o diretor do canal, Guilherme Zattar.

Um dos protagonistas desse programa é o comediante Paulo Gustavo, que também está à frente do humorístico “220 Volts”, transmitido pela mesma emissora, e uma das atrações preferidas da jornalista e apresentadora Fernanda Ribeiro. “Eu simplesmente morro de rir”, conta.

Lá de fora. Apesar de as produções nacionais para canais fechados terem crescido depois da implementação da Lei 12.485/2011, que prevê, dentre outras coisas, a obrigatoriedade de exibição de, no mínimo, três horas por semana, de produções brasileiros em canais pagos de filmes, séries e variedades (confira amanhã uma reportagem sobre esse assunto neste MAGAZINE, os programas internacionais aparecem no topo da escolhas de muitos amantes da TV.

“Os seriados dos Estados Unidos muito me atraem pela qualidade de produção. Atualmente, acompanho ‘American Horror History’, ‘Game of Thrones’ e também, o reality show mais divertido de todos os tempos: ‘RuPaul’s Drag Race’”, diz Pônzio.

Dica de série

“The Good Wife” , exibida pelo canal Universal Channel, é o melhor drama da TV paga atualmente. Na pele de Alicia Florrick, a atriz Julianna Margulies (“Plantão Médico”) apresenta com maestria cênica uma introspectiva advogada e todas as questões profissionais e familiares em seu entorno. Já na quinta temporada, a série vem provando que é possível manter o fôlego redirecionando o roteiro de forma equilibrado e sagaz. Assistir à série, se tem a garantia de sentir fortes emoções e, até mesmo leves risadas. E isso acontece até aos espectadores mais exigentes.

Curiosidades

A 2ª temporada de “Sessão de Terapia”, dirigida por Selton Mello, foi vista por mais de 6,5 milhões de pessoas, em 2013.

"Homeland”, exibida pelo canal FX, é a série predileta do presidente Barack Obama.

O programa “Vai Que Cola” teve um índice de audiência médio jamais alcançado por outra série nacional na TV paga brasileira na última década.

Dos 20 canais mais vistos entre as mulheres da TV por assinatura, o GNT foi o que mais cresceu em 2013, subindo nove posições no ranking.