Dispostas a não perder público e audiência frente ao crescimento irreversível da internet, as companhias de TV por assinatura no Brasil prometem adotar medidas ainda mais agressivas para alcançar novos usuários. E depois de chegar aos lares da classe C, as empresas agora miram em clientes de classes mais baixas, as D e E. As informações são da coluna Outro Canal, do jornal Folha de São Paulo.

Segundo "fontes do setor", operadoras de TV paga, como Net e Sky, devem começar a oferecer em breve pacotes com preços menores para atrair essa fatia da população. Atualmente, já existem planos e serviços com valores mais populares - alguns não chegam a custar mais do que R$ 30 -, que podem ser reduzidos ainda mais. Em 2013, o mercado de televisão por assinatura, composto por 17 milhões de usuários, era representado por 37% de clientes das classes A e B, 51% da classe C e apenas 12% das classes D e E.

Para que esse movimento aconteça, as prestadoras já iniciaram negociações com programadoras de canais, propondo a diminuição de preços para cada assinante. No entanto, algumas entidades, como Globosat e Fox, não pretendem ceder, "pois entendem que a produção de conteúdo de qualidade é cara e que sem bons canais as operadoras não conseguem fisgar clientes, nem manter os já conquistados".

Em todo caso, as empresas estão mais atentas a um público que não para de crescer. Um levantamento do Instituto Data Popular divulgado no ano passado constatou que 95% dos novos assinantes de TV paga são das classes C e D. De cada dez pessoas da classe média, seis moram no interior do país e, fora dos grandes centros urbanos, 25% dos cidadãos de classe média possuem TV por assinatura. Os números devem crescer nos próximos cinco anos com a chegada de novos 14,2 milhões de consumidores abaixo das classes A e B.

A Ancine (Agência Nacional do Cinema) também prevê aumento na base de assinantes de televisão paga. Até 2017, o setor alcançará 60% dos lares brasileiros e deverá dobrar sua base de clientes (35 milhões de novos usuários). Além disso, o órgão regulador acredita que, com a expansão dos canais pagos, a TV aberta deverá perder audiência, já que o número de produções nacionais nos canais por assinatura quadruplicou ao longo dos últimos dois anos em pelo menos quinze canais.