Ajustar a produção à queda na demanda, em razão da desaceleração econômica no país, continua sendo o grande desafio da indústria automobilística brasileira. Em julho, o licenciamento de automóveis novos caiu 20,3% em comparação ao mesmo período do ano passado, enquanto o de caminhões e ônibus sofreu queda de 19,4%, segundo dados da Anfavea. Por esse motivo, as cinco maiores montadoras de veículos de São Bernardo do Campo, mandaram para casa 18 mil trabalhadores, após várias tentativas de redução de custos com PDVs, layoffs e PPEs.

"É sem dúvida nenhuma uma situação complicadíssima para um pólo industrial de tamanha importância para a economia do Estado de São Paulo. São empresas com a produção paradas a espera de uma reação do mercado consumidor, que na outra ponta sofre com o desemprego crescente, crédito escasso e inflação estratosférica", comenta Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

Três das cinco montadoras com fábricas em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, estão com a produção parada na cidade, um dos principais polos da indústria automobilística no Brasil.

Volkswagen e Ford deram férias coletivas aos seus funcionários, enquanto a Mercedes-Benz deixou seu quadro em licença remunerada. Toyota e Scania seguem funcionando normalmente.

No total, aproximadamente 18 mil pessoas estão paradas na cidade, segundo levantamento da Folha com base em informações do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

As medidas são uma tentativa de ajustar a produção à queda na demanda, em razão da desaceleração econômica no país. Em julho, o licenciamento de automóveis novos caiu 20,3% em comparação ao mesmo período do ano passado, enquanto o de caminhões e ônibus sofreu queda de 19,4%, segundo dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

A parada é mais um passo em uma série de tentativas das empresas de reduzir custos. Antes da licença remunerada, a Mercedes-Benz e Ford adotaram programas de demissão voluntária (PDVs) e layoffs (suspensão temporária do contrato), além de terem aderido ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE).

De acordo com o sindicato, a Mercedes planeja demitir 2.000 pessoas. Desde a semana passada, trabalhadores da empresa têm recebido telegramas informando sobre a rescisão do contrato, que deve ser efetivada em setembro. Por ter aderido ao PPE, à montadora não pode desligar funcionários até 31 de agosto.

Sindicato e empresa negociam a reversão da decisão. A proposta dos trabalhadores é a renovação do PPE e lançamento de um novo PDV, seguido por um layoff.

Na Ford, o PPE já foi renovado e vigora até setembro. Em outubro, com a reorganização do processo de produção, os funcionários trabalharão nas linhas de montagem de caminhões e ônibus em dias alternados.

A medida criará um excedente de 450 trabalhadores, que terão seus contratos suspensos temporariamente, diz a empresa.

No caso da Volkswagen, a parada resulta de problemas com interrupções em entregas de um fornecedor, que fez a empresa paralisar as atividades não só em São Bernardo como também em suas outras plantas no Brasil.

Nesta terça (23), a matriz alemã da empresa chegou a um acordo para resolver o impasse, mas no Brasil "a situação é significativamente diferente", diz a empresa em comunicado.

 

FIAT

Nesta segunda-feira (22), a Fiat também anunciou licença remunerada na fábrica em Betim (MG). A partir desta quarta, cerca de 4.000 trabalhadores da empresa na unidade entrarão em licença remunerada por um período de dez dias.

O objetivo da medida é "ajustar a produção à demanda de mercado", diz a empresa em comunicado.

Antes de adotar a medida, a montadora já havia feito paradas técnicas e dado férias coletivas.