Como pode uma economia querer se recuperar, quando um cheque especial, por exemplo, custa para as famílias 318,4% ao ano? Essa é a maior taxa desde quando o Banco Central passou a registrar os dados, em 1994. Mas é exatamente isso que vem acontecendo no Brasil, com bancos emprestando dinheiro a um custo astronômico. Isso só mostra a fragilidade de nossa economia, onde se restringe o crédito e aumenta os juros em detrimento do consumo e da geração de riquezas.

"Podemos chamar de assalto ao bolso do trabalhador esse tipo de empréstimo. Todos nós sabemos que uma das formas de se fazer uma economia funcionar, é exatamente a abundância de crédito no mercado com juros baixos. Dessa forma as pessoas se sentem incentivadas ao consumo e acabam alavancando os investimentos e a produção, gerando empregos e, sobretudo o resgate da dignidade do trabalhador. É imoral e precisamos lutar para banir de vez esses abutres do mercado financeiro, que se valem das necessidades do povo brasileiro para engordar seus cofres", desabafa Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

Apesar dos primeiros sinais de retomada da economia, o crédito ainda mostra sinais da crise. O volume de crédito que está na praça encolheu no mês passado, a concessão de novos empréstimos caiu, a inadimplência dá sinais de alta, os bancos aumentaram o chamado spread bancário (parcela da taxa de juros que inclui o lucro das instituições) e as taxas de juros continuam a quebrar recordes. O cheque especial, por exemplo, custa para as famílias 318,4% ao ano: a maior taxa desde que quando o Banco Central passou a registrar os dados, em 1994.

De acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira, a taxa dessa modalidade de crédito subiu 2,7 pontos percentuais no mês passado. Foi uma das que ajudaram a elevar o custo do dinheiro para as famílias. A taxa média das operações de crédito do sistema financeiro aumentou 0,2 ponto percentual e chegou a 42% ao ano. Se descontados os empréstimos para a compra da casa própria, que têm taxas subsidiadas, a taxa média bateu recorde e chegou a 71,9% ao ano.

Houve alta em várias modalidades, como crédito pessoal e cartão de crédito parcelado. O spread bancário médio cobrado das famílias é de 22 pontos percentuais em julho, após aumentos de 0,2 ponto percentual no mês.

O custo do dinheiro também ficou mais alto para as empresas. Em média, os bancos cobram das companhias 22,1% ao ano: 0,4 ponto percentual a mais do que em junho.

A taxa de inadimplência das operações de crédito aumentou 0,1 ponto percentual e chegou a 3,6% em julho. No geral, o nível de calote ficou em 4,1% no crédito às famílias (mais 0,1 ponto percentual) e 3% no crédito às empresas (estável).

O crédito total do sistema financeiro caiu 0,4% no mês e teve uma expansão de apenas 0,2% em 12 meses. Segundo o BC, houve queda de 0,9% no crédito a pessoas jurídicas e aumento de 0,1% na carteira de pessoas físicas. Entre os setores de atividade, destacaram-se retrações mensais em comércio, outros serviços e indústria de transformação.

- O mercado de crédito evolui de uma maneira muito contida neste ano, refletindo um nível de atividade num patamar baixo e indicadores de confiança que mostram uma melhora na margem, mas ainda estão num nível baixo - frisou o chefe do departamento do Banco Central, Túlio Maciel.

 

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