Cortar juros já em outubro, pode até acontecer! Mas vai depender do comportamento da inflação dos alimentos e dos ajustes fiscais prometidos pelo governo federal, afirmou na última quinta-feira o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, completando que o BC vem conduzindo sua política com a prudência que o momento requer.

Em evento promovido em São Paulo pela revista "Isto é dinheiro", Ilan repetiu que o BC precisa, antes de reduzir a Selic, ver avanços em relação à persistência dos efeitos do choque de alimentos na inflação. E que a incerteza sobre os ajustes necessários na economia precisa diminuir, mencionando diretamente as medidas fiscais.

"Sabemos que controlar a inflação e mantê-la dentro da meta estabelecida pelo governo, não é tarefa fácil. Mas todo objetivo exige sacrifícios e requer a habilidade de convencer o mercado que a coisa é séria. Para isso acontecer, torna-se necessário medidas de austeridade no combate ao desperdício e políticas de contenção de gastos públicos. Do contrário entra-se em descrédito e vai todo esforço pelo ralo", comenta Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

Uma eventual redução da taxa básica de juros (Selic) na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, em outubro, se tornou mais provável, na visão de analistas. Essa expectativa aumentou depois que o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15) desacelerou em setembro mais do que o esperado pelo mercado.

O resultado do IPCA-15 repercutiu no mercado de juros futuros, que fechou em forte baixa nesta quinta-feira, influenciado ainda pela manutenção dos juros nos EUA nesta quarta-feira (21) e pela recente queda do dólar ante o real.

A prévia da inflação oficial brasileira, divulgada nesta quinta-feira (22) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostrou alta de 0,23% neste mês, depois de subir 0,45% em agosto. A mediana das estimativas de economistas consultados pela Bloomberg era de uma alta de 0,33%.

O principal responsável pela desaceleração do IPCA-15 foram os alimentos e bebidas, que registraram deflação de 0,01%, após subirem 0,78% em agosto.

Em 12 meses, o indicador subiu 8,78%, ante 8,95% em agosto, ainda acima da meta do governo de 4,5% para o IPCA, com margem de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 recuou de 13,885% para 13,835%, no menor patamar desde junho deste ano. O contrato de DI para janeiro de 2018 caiu de 12,360% para 12,250%, no nível mais baixo desde o final de janeiro de 2015. O contrato de DI para janeiro de 2021 recuou de 11,880% para 11,720%, também no menor patamar desde janeiro do ano passado.

"Com o Fomc [Comitê Federal de Mercado Aberto do BC dos EUA] não subindo juros e a expectativa de inflação para os próximos períodos mais benigna (...), um corte na Selic em outubro se mostra mais provável, desde que sinais de redução da incerteza sobre ajustes na área fiscal sejam materializados", escrevem economistas José Francisco de Lima Gonçalves e Julia Araújo, do Banco Fator. "Neste caso, o ciclo de queda da Selic pode começar no ritmo de 0,50 ponto percentual."

Além da reunião de outubro, o Copom tem mais um encontro neste ano, em novembro. A taxa está atualmente em 14,25% ao ano.

Os analistas citam ainda a manutenção da menor pressão dos alimentos no IPCA e o efeito positivo do câmbio como outros fatores que podem levar à redução da Selic em outubro.

José Faria Júnior, diretor-técnico da Wagner Investimentos, também afirma que a probabilidade de corte da Selic em outubro aumentou fortemente com o resultado do IPCA-15 de setembro. "A inflação cedendo, o dólar retornando ao patamar de R$ 3,20 e a expectativa de aprovação da PEC dos gastos públicos contribuem para isso", diz.

De acordo com Faria Júnior, a curva de juros futuros mostra que a chance de um corte da Selic no próximo mês está em mais de 70%. "O mercado está precificando um corte de 0,25 ponto porcentual em outubro e outro de 0,50 ponto porcentual em novembro", afirma.

 

MEIRELLES

Analistas também destacaram declarações do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sobre a possível redução dos juros. De acordo com a agência Bloomberg, Meirelles afirmou nesta quarta-feira (21), em Nova York, que "é altamente provável" os juros caírem no Brasil até o fim do ano, embora isso seja tarefa do BC.

Nesta quinta-feira, diante da repercussão, Meirelles declarou, por meio de nota do ministério, que "sempre apoiou a autonomia do Banco Central".

 

COMBUSTÍVEIS

Segundo analistas, a notícia de que a Petrobras poderia reduzir o preço dos combustíveis ajuda a elevar as apostas de redução da Selic no próximo mês.

Sobre um possível corte no preço dos combustíveis, entretanto, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou nesta quarta-feira (21) que a companhia não tomou qualquer decisão com relação a mudanças nos preços dos combustíveis.

 

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