Com prejuízo acumulado por três anos seguidos e novo déficit em 2016 de R$ 2 bilhões, os Correios buscam uma maneira de diminuir os custos e a folha salarial. A solução encontrada foi um Plano de Demissão Voluntária (PDV) que espera ter a adesão de mais de 8 mil trabalhadores. O PDV deverá custar até R$ 2 bilhões para a empresa que ainda se recupera do escândalo do mensalão e sofre as conseqüências do aparelhamento político-partidário a que foi submetida nos últimos anos.

O plano de demissão começou nesta segunda-feira (16) e estará aberto até 17 de fevereiro de 2017. A estatal tem como foco funcionários com tempo de serviço igual ou superior a 15 anos e com idade maior ou igual a 55 anos.

"É mais uma empresa do governo com problemas de caixa que recorre ao mecanismo do corte de custos e enxugamento da folha salarial para salvar a pele. A guilhotina sempre acaba no pescoço do trabalhador. Com idade ou não para se aposentar, o fato é que muitos trabalhadores ainda podem produzir muito em prol da empresa. É uma mão de obra treinada e qualificada que não pode ser desperdiçada. Mas infelizmente, se não fosse pela má administração ocorrida nos últimos anos, sem dúvida teriam a chance de continuar produzindo e contribuindo para a grandeza desta centenária empresa", ressalta Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

Os Correios abriram nesta segunda-feira, 16, o plano de demissão voluntária (PDV) aos funcionários, com estimativa de economia anual de R$ 700 milhões a R$ 1 bilhão. O plano foi antecipado pelo jornal "O Estado de S. Paulo" em novembro de 2016. Os empregados podem aderir ao PDV até o dia 17 de fevereiro deste ano.

Segundo a estatal, o público elegível é de quase 17,7 mil empregados e a expectativa é que 8,2 mil trabalhadores façam a adesão. A estimativa levou em consideração a média registrada nos últimos planos. Podem participar funcionários com tempo de serviço igual ou superior a 15 anos e com idade maior ou igual a 55 anos.

A adesão será voluntária e o desligamento ocorrerá na modalidade "demissão a pedido", sem necessidade de cumprimento de aviso prévio.

Para incentivar a adesão ao plano, a empresa oferece uma indenização que pode chegar a até 35% do salário por, no máximo, oito anos. A indenização - chamada de Incentivo Financeiro Diferido (IFD) - será reajustada anualmente com base na inflação oficial. Não haverá sobre essa indenização incidência de tributos, como impostos de renda, INSS e FGTS.

No caso de falecimento do empregado, a indenização será mantida aos herdeiros. O benefício tem teto de R$ 10 mil mensais e o cálculo leva em consideração a média dos salários recebidos nos últimos 60 meses e o tempo de serviço nos Correios, além da idade.

A estatal, que tem o monopólio da entrega de cartas pessoais e comerciais, cartões-postais e malotes e pouca concorrência em cidades do interior, fechou 2016 com prejuízo em torno de R$ 2 bilhões, número próximo ao de 2015. Trata-se do quarto ano consecutivo que os Correios fecham no vermelho.

Mais de dez anos após ser o palco inaugural do escândalo do mensalão, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) ainda sofre, segundo quem acompanha o dia a dia da companhia, as conseqüências do aparelhamento político-partidário a que foi submetida nos últimos anos.

O último plano de desligamento incentivado para aposentados entrou em vigor em 2014 e foi até outubro deste ano. A empresa ofereceu como incentivo financeiro valor que variou de R$ 30 mil a R$ 150 mil, mas pagos de uma vez só.

 

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