518 mil vagas de empregos perdidas foi o saldo da indústria paulista após três anos enfrentando uma recessão jamais vista na história do Brasil, segundo levantamento da Fiesp. A expectativa de novas contratações daqui para frente se baseia na política de corte da taxa básica de juros pelo Banco Central, que deverá incentivar a retomada do crédito e do consumo.

"Nos últimos três anos sofremos com a aceleração do desemprego em nosso país. Mais de 12 milhões de pessoas viram seus sonhos virarem pesadêlo. Esse é um dos piores resultados da indústria paulista em todos esses anos. A falta de consumo, renda em baixa, inflação alta e a restrição ao crédito pioraram ainda mais a situação precária da nossa indústria. Precisamos que o governo federal promova medidas voltadas para o destravamento e crescimento da indústria nacional", diz Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

A indústria paulista espera voltar a ter um saldo positivo sólido de empregos apenas em 2018. Para este ano, a expectativa da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) é ficar no "zero a zero".

"Em 2017 devemos ter até 10 mil contratações. Não é um resultado bom, mas é positivo após três anos consecutivos de saldos negativos", diz Guilherme Moreira, gerente do departamento de estudos econômicos da entidade.

Segundo ele, o setor concluiu o corte necessário na mão de obra para adequá-la ao nível baixo de produção e deve começar a recontratar caso a expectativa de expansão de 0,8% do PIB se concretize neste ano.

"Por agora, o mercado de trabalho deve começar com uma dinâmica ruim, mas isso deve melhorar no segundo semestre", afirma.

A característica gradual dessa recuperação é reflexo da continuidade da política de redução da taxa básica de juros pelo Banco Central, de modo a incentivar a retomada do crédito e do consumo.

 

MEIO MILHÃO DE DEMISSÕES

Desde 2014, foram fechadas 518 mil vagas no Estado de São Paulo, segundo levantamento da Fiesp divulgado nesta quinta-feira (19).

O pico de cortes foi em 2015, que concentrou 45,5% dos empregos encerrados no período, ou 236 mil postos. Em 2016, foram de 153 mil.

 

FRENTE CONTRA O DESEMPREGO

A crise na indústria motivou sindicatos paulistas a criar na quinta-feira (19) uma "frente contra o desemprego". O objetivo é apresentar propostas para o desenvolvimento econômico da cidade e do Estado.

Na avaliação dos sindicalistas, as soluções até agora trabalhadas, como a reforma da Previdência e da CLT –ambas apoiadas pela Fiesp–, vão agravar o quadro social.

"Dependendo da situação, ou o trabalhador aceita a imposição da empresa ou vai para a rua. Também não temos uma política que garanta emprego até os 65 anos e o trabalhador não conseguirá se aposentar", diz, em nota, Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi.