Se existe uma situação que não causa mais nenhuma surpresa para o consumidor brasileiro, é a taxa de juros do cartão de crédito. Apesar dos esforços do governo em querer baixar os, astronômicos juros, ainda assim eles ultrapassaram a barreira do suportável. Trata-se de mais de 484 por cento ao ano em dezembro de 2016, uma taxa de juros capaz de deixar com inveja qualquer agiota do planeta.

Além de ser a modalidade mais cara do mercado, os juros do cartão de crédito também atingiram o patamar mais alto da série histórica, que começa em março de 2011.

É bom lembrar que o Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deu prazo até janeiro de 2017 para as taxas caírem para os consumidores, caso contrário o Conselho Monetário Nacional (CMN) irá intervir e passará a exigir que as operadoras repassem os recursos para os lojistas num prazo menor que os atuais 30 dias, ajudando a diminuir o preço para o consumidor.

"Enfim, não tem jeito, é preciso agir com firmeza e determinação. Num momento em que o país precisa de taxas de juros baixas para incentivar o consumo, fazer girar a economia e gerar empregos, empresas de cartão de crédito andam na contramão e cobram juros exorbitantes em cima do consumidor. São empresários inescrupulosos, sempre na busca por mais lucro. É preciso haver punição, pois do contrário não haverá crescimento econômico", desabafa Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

Os juros médios cobrados pelos bancos nas operações com cartão de crédito rotativo tiveram crescimento de 2,4 pontos percentuais em dezembro de 2016, subindo para 484,6% ao ano, informou o Banco Central nesta quinta-feira (26).

Além de ser a modalidade mais cara do mercado, os juros do cartão de crédito também atingiram o patamar mais alto da série histórica, que começa em março de 2011. Em novembro, os juros estavam em 482,2% ao ano. No ano, a taxa do cartão de crédito rotativo teve alta expressiva de 53,2 pontos percentuais.

A modalidade de crédito do cartão rotativo, e também do cheque especial, de acordo com especialistas, só deve ser utilizada em momentos de emergência e por um prazo curto de tempo - devido ao seu alto custo. No caso do cartão de crédito, a recomendação dos economistas é que os clientes bancários paguem toda a fatura no vencimento para não deixar saldo devedor e evitar pagar juros.

No caso do cheque especial, os juros médios cobrados pelos bancos nas operações com pessoas físicas caíram em dezembro, passando de 330,6% ao ano em novembro, para 328,6% ao ano. Repensar o sistema de cartões No dia 19 de janeiro, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, declarou durante entrevista em Davos (Suíça) que é preciso "repensar" o sistema de cartões de crédito brasileiro e melhorá-lo "ao longo do tempo".

Goldfajn lembrou que o governo anunciou recentemente medidas para baixar os juros cobrados no cartão de crédito, que estão próximos de 500% ao ano, mas explicou que as mudanças não devem se retringir ao que já foi divulgado.

"O cartão tem uma medida [já anunciada] e tem uma discussão que vai continuar depois. A gente tem de repensar um pouco o nosso modelo. O modelo funciona, mas a gente acha que pode melhorar ao longo do tempo", disse o presidente do BC a jornalistas na ocasião.

"A norma vai sair. E ,depois da norma, a gente vai repensar junto com o sistema. Vamos repensar como a gente pode melhorar ele ao longo do tempo", complementou ele.

 

O que já foi anunciado

No fim do ano passado, o governo anunciou que pretende adotar, no primeiro trimestre de 2017, medidas para baixar os juros do cartão de crédito.

O presidente Michel Temer informou na ocasião que a ideia é limitar para até 30 dias o prazo para o pagamento do rotativo, que é quando é feito o pagamento do valor mínimo da fatura, com o parcelamento do restante.

Hoje, esse prazo é mais longo, segundo o Ministério da Fazenda. Com isso, o governo espera que os juros do parcelamento caiam pela metade já nos primeiros meses de 2017.

Em dezembro, a associação das empresas de cartões (Abecs) avaliou que "a fixação do prazo de permanência do cliente no crédito rotativo para o máximo de 30 dias, aliada à disponibilização automática de alternativas de financiamento por meio do cartão, como o parcelamento da fatura" permitirá maior controle do consumidor e menor comprometimento da sua renda mensal, proporcionando, assim, uma "potencial redução da inadimplência."

 

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