Nada se compara ao tamanho da corrupção detalhada por uma das maiores empreiteiras deste país, que afirmou em depoimento de seus executivos na Lava Jato ter distribuído mais de 450 milhões de reais em propinas a políticos dos mais diversos partidos. Não ha nada comparável na história desta velha república. Nem mesmo a operação "Mãos Limpas" ocorrida na Itália para esclarecer casos de corrupção no período de 1992 a 1996 assistiu tanta cara de pau, perversidade e bandalheira dentro e fora do mundo político.

A operação "Mãos Limpas" italiana descobriu licitações irregulares e o uso do poder público em benefício particular e de partidos políticos. Comprovou ainda que empresários pagavam propinas a políticos para vencer licitações de construção de ferrovias, auto-estradas, prédios públicos, estádios e obras civis em geral.

Será apenas mera coincidência o fato dos envolvidos e o modus operandi ser parecido com os nossos irmãos italianos. Pode até ser! Mas, com certeza a quantidade de pessoas envolvidas e os valores arrecadados, são sem dúvida muitas vezes maior do que aquilo que foi divulgado até o momento, sendo que estamos só começando a esmiuçar os balaios da roubalheira.

"Até quando vamos ficar sentados assistindo a república das bananas ser assaltada e desmoralizada perante o resto do mundo sem fazer nada? Acho que está mais do que na hora da sociedade dar uma resposta para esse bando de canalhas e aproveitadores. Isso tudo se fará presente nas urnas em 2018, quando cada cidadão votar para varrer do Congresso Nacional definitivamente essa cambada de estelionatários", avisa Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

Os crimes que serão investigados nos 76 inquéritos da lista do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, relator da Lava Jato, envolvem pagamentos a políticos que chegam a R$ 451,049 milhões.

Desse total, os delatores da Odebrecht dizem aos investigadores da Lava Jato que foram repassados R$ 224,6 milhões por obras e contratos nos governos federal, estaduais e municipais e R$ 170 milhões por medidas provisórias, emendas parlamentares e resoluções legislativas que atendiam aos interesses da empreiteira.

Todo a relação da Odebrecht e os políticos está detalhada pelos vídeos com depoimentos de executivos e ex-executivos da empresa divulgados pelo Supremo Tribunal Federal. Dos inquéritos, aquele que envolve maior valor pago em propinas é o das compras das medidas provisórias 470/2009 e 613/2013.

A primeira, conforme a acusação da Procuradoria-Geral da República, motivou o pagamento de R$ 50 milhões para a campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT), em 2010. A segunda se refere ao pagamento de R$ 100 milhões para a campanha de reeleição da então presidente, em 2014.

Ao todo, segundo a empreiteira, R$ 4 milhões foram distribuídos aos senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL), mais R$ 2 milhões ao senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) e aos deputados Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) e Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ambas as MPs favoreciam a Braskem, uma das empresas do grupo Odebrecht. A 470 alterava a forma de cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e a 613 concedia incentivos tributários a empresas químicas.

 

Outros grandes casos

O segundo maior pagamento de propinas relatado pela Odebrecht diz respeito à obra da usina Santo Antônio, em Rondônia. Segundo as delações, foram distribuídos R$ 50 milhões para os deputados Arlindo Chinaglia (PT-SP), Sandro Mabel (PP-GO) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ), além de Jucá.

O terceiro maior caso investigado é o de pagamentos relacionados a obras viárias do governo de São Paulo, envolvendo o senador José Serra (PSDB-SP) e o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, cujos pagamentos somados chegam a R$ 36,2 milhões.

Todos os políticos citados negam participação no esquema de propinas investigado pela Operação Lava Jato.

 

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