Vivemos a maior crise política já anunciada em nossa história. É preciso sair às ruas e prestar mais atenção ao clamor da população. O povo em sua grande maioria já não agüenta mais e dá sinais de cansaço e desilusão. Não há mais quem suporte tantos descalabros patrocinados por empresas, políticos e governantes.

Há muito tempo que se nota que os alicerces nacionais estão sendo corroídos pelos cupins da corrupção. Os pilares das nossas instituições estão desmoronando. Enquanto isso políticos de várias vertentes do mal, fingem que vivemos no país das maravilhas. Aqui e ali, já se nota que grande parte da população - Hoje com muito mais informações que no passado, devido à internet - se articula em redes sociais com o objetivo de pressionar a classe política por mudanças mais rápidas e profundas. Afinal, é o que o povo deseja.

As manifestações das ruas trazem um recado de clara insatisfação popular para com os três poderes da república. Tanto o executivo, quanto o legislativo e o judiciário, precisam ficar atentos aos anseios do povo. Não basta querermos punir os malfeitores, é preciso punir com eficiência para poder dar o exemplo. É preciso colocar na cadeia presidentes, governadores, deputados, senadores e todos aqueles que se deixem levar pela podridão.

"É preciso cobrar eficiência e moralidade da máquina publica. Somos mais de 200 milhões de brasileiros cansados de esperar por dias melhores, sobretudo com a moralização da pátria amada. Portanto senhores, depois não reclamem que não foram avisados", diz Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

Dizem os historiadores que Roma não caiu “da noite para o dia”. Antes, foi vítima de um longo processo de corrosão de suas fundações. Foram atitudes pequenas, erros de menor monta e pecados nem tão graves assim que, ao longo dos anos, destruíram conceitos sagrados como a moralidade, o amor pela coisa pública, a cidadania e outros de idêntico jaez, sem os quais não há Estado que sobreviva.

No mais das vezes, uma civilização que vive um processo desses sequer se dá conta de sua existência. Afinal, poucos se dão ao trabalho de analisar o conjunto de uma realidade, diante da rotina de pequenos eventos isolados que esta mesma realidade nos impõe.

Sempre penso nesta reflexão quando me deparo com o denominado “mundo das leis”. Fico a me perguntar se não estaríamos trilhando, sem que o percebamos, um caminho de lenta, porém permanente, corrosão dos pilares que sustentam nossas instituições.

Os sinais estão visíveis, aqui e ali. Isoladamente, pouco dizem. Mas que tal uni-los todos?

Inicio com o clássico “ma Code est perdue“, desabafo de Napoleão Bonaparte ao ser informado de que a legislação que concebera estava sendo interpretada pelo mundo jurídico.

Avanço alguns séculos no tempo e chego ao musical “Chicago”, que percorreu todo o planeta, e no qual juízes e advogados são tratados como inúteis pomposos, corruptos e gananciosos.

Citaria o filme “O Juiz”, mostrando um modelo de justiça que, não sem profunda ironia dos seus autores, extingue juízes e advogados como os conhecemos. Ou o filme “Cobra”, não menos famoso, que lança diretamente sobre os ombros de juízes e advogados toda a culpa pelos índices de criminalidade que nos atormentam.

Que tal somarmos as já incontáveis piadas sobre juízes e advogados, contadas pelas ruas e em programas de rádio ou televisão?

Arrisco dizer, à vista de todos estes elementos, que estamos em meio a um considerável processo de enfraquecimento de nossas instituições – a quem duvidar disso, sugiro ir às ruas e perguntar àquela senhora chamada “opinião pública”.

Fico, contemplando esta quadra histórica, a recordar o famoso conselho de Benjamim Disraeli à rainha da Inglaterra: “Majestade, o povo está insatisfeito. Clama por mudanças. Se estas mudanças não forem feitas por nós, serão feitas sem nós, e, o que é pior, contra nós”.

 

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