Não demorou muito para que em menos de 24 horas nossos ilustríssimos deputados "vira-casaca" mostrassem suas verdadeiras faces. O governo se apressou e tentou votar a reforma Trabalhista na terça (18), mas foi derrotado por deputados da base aliada. Porém, os mesmos traidores votaram a favor do governo na quarta-feira (19). Esses são parte dos 513 deputados que compõe nossa Câmara Federal, e que deveria defender os interesses daqueles que os elegem, mas preferem se locupletar-se das vantagens que vem da cúpula palaciana.

Mas o fato, é que esses senhores não estão lá para defender o cidadão e sim o que favoreça o seu bem-estar. Nenhum deles provou até hoje ser confiável e honesto. O que dizer de uma casa que tem 39 dos seus deputados vítimas de inquéritos da Lava Jato (até o momento). E o que é pior, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, acusado por um delator da Odebrecht - Borba Filho - de receber pessoalmente uma propina de R$ 350 mil em espécie. Fora isso, o relator da reforma da Previdência, Arthur Maia, responde pelos crimes de peculato, lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores. Quer mais? Esse mesmo senhor é um dos sócios de uma distribuidora de combustíveis no interior da Bahia que deve mais de 150 mil reais ao INSS. Basta?

"Diante de todo esse histórico, chegamos à conclusão que surpresas advindas dos nobres parlamentares são perfeitamente normais devido à falta de caráter dessas criaturas. Defender o trabalhador, não faz parte de suas obrigações e desejos. O que resta aos eleitores marcarem muito bem o nome desses traidores e no ano que vem dar o troco nas urnas", recomenda Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

Além de conseguir reunir mais deputados em plenário, o Palácio do Planalto e os líderes governistas no Congresso conseguiram na aprovação do requerimento que acelerou a reforma trabalhista virar da noite para o dia o voto de vários deputados da base que haviam se rebelado na véspera.

A comparação dos mapas de votação de terça (18) e desta quarta-feira (19) mostram que, em menos de 24 horas, foi criada uma bancada de 24 deputados "vira-casaca": eles votaram contra a tramitação mais rápida da reforma na terça, mas mudaram de ideia e, nesta quarta, apoiaram a tese do governo.

A derrota do dia anterior foi simbólica para o governo porque ele pretende usar a aprovação da reforma trabalhista como um sinal ao mercado e ao país de que tem musculatura legislativa para aprovar a reforma da Previdência, que exige apoio maior dos congressistas (pelo menos 60%).

Com isso, o governo pressionou partidos que têm ministério e conseguiu reverter as defecções: o partido com mais vira-casacas foi o próprio PMDB de Temer. Quatro mudaram de ideia a favor do governo em menos de 24 horas.

Depois vêm PSB (3), PP (3), PTN (3) e PR (3), incluindo Tiririca (SP), deputado mais votado no Brasil em 2010 e o segundo mais votado em 2014.

"É foda, foi pressão do partido, pressão muito grande, mas meu voto na reforma tá declarado, eu sou contra qualquer reforma. O que aconteceu é que o partido ligou, nem foi pra mim, foi para o meu chefe de gabinete, e a pressão foi muito grande. Uma porrada de gente mudou o voto. Aí pra não bater de frente com o meu partido, aceitei votar nessa urgência, mas falei pra deixar claro que quando vier a reforma eu bato de frente, meu voto é contra", disse Tiririca.

Veja abaixo os 24 deputados que mudaram o voto da noite para o dia, a favor do governo:

  

VIRANDO A CASACA

24 deputados mudaram o voto na urgência da reforma trabalhista.

DEPUTADO PARTIDO ESTADO
Zé Silva SD MG
Walter Alves PMDB RN
Waldir Maranhão PP MA
Victor Mendes PSD MA
Tiririca PR SP
Tenente Lúcio PSB MG
Silas Freire PR PI
Sergio Zveiter PMDB RJ
Roberto Góes PDT AP
Professor Victório Galli PSC MT
Pedro Cunha Lima PSDB PB
Mário Negromonte Jr. PP BA
Luiz Carlos Ramos PTN RJ
Kaio Maniçoba PMDB PE
Jony Marcos PRB SE
Jhonatan de Jesus PRB RR
Hugo Leal PSB RJ
Gonzaga Patriota PSB PE
Ezequiel Teixeira PTN RJ
Dr. Sinval Malheiros PTN SP
Brunny PR MG
Beto Salame PP PA
Arnaldo Jordy PPS PA
Alexandre Serfiotis PMDB RJ