Subiu para 59,2 milhões no final de março deste ano o número de consumidores inadimplentes no Brasil. São milhões de pessoas que enfrentam dificuldades na hora de honrar seus compromissos. O alto número de inadimplentes tem como causa principal a forte recessão econômica que o Brasil vem enfrentando, com deterioração do mercado de trabalho, perda de renda e juros cada vez mais caros.

"Brasileiros de todos os cantos e todos os níveis sociais, não estão escapando da inadimplência. Em tempos de vacas magras, todos estão sendo afetados pela crise que desencadeou em desemprego e uma significativa queda de renda. Temos um efeito cascata que já atinge a todos e que deverá piorar porque bancos e financeiras não param de engordar as taxas cobradas nas operações de crédito ao consumidor", explica Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

Consumidores já negativados, sem conhecimento das elevadas taxas de juros cobradas em transações de empréstimos concedidos rapidamente, acabam aceitando as propostas como última saída para conseguir pagar dívidas. Pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que 15% dos brasileiros atualmente inadimplentes ou que estiveram nessa situação há no máximo 12 meses já fizeram empréstimo com financeiras que fornecem crédito a negativados. Esse número que aumenta entre quem possui 55 anos ou mais (23%).

Sete em cada 10 consumidores (75%) que optaram por esse tipo de crédito admitem não ter resolvido a situação financeira. Cerca de 26% continuam com o nome sujo e ainda precisam pagar as parcelas - aumentando para 37% entre as mulheres.

Os principais motivos para a contratação é o fato de não ter conseguido crédito em outro banco (30%) e por ser a única forma encontrada para quitar as dívidas (25%).

A pesquisa mostra que 55% analisaram as taxas de juros cobradas e as demais características de outras linhas de crédito existentes antes de pegar o empréstimo. O objetivo do empréstimo, para 29% dos entrevistados, é o pagamento total de dívidas e para 18% foi para o pagamento total das pendências atrasadas e também comprar itens que precisava. Quanto à facilidade de se conseguir esses empréstimos, os entrevistados dividem-se: 35% consideraram fácil e outros 35% consideraram difícil.

O estudo revela que as informações passadas pelo atendente no momento da contratação do empréstimo são mais voltadas ao valor total com os juros embutidos (81%), o valor máximo possível para as prestações (74%) e formas de pagamento (74%). Já as informações sobre o valor dos juros cobrados foram dadas em 60% dos casos.

“As taxas de juros podem agravar ainda mais o problema. Em alguns casos, elas chegam a ser maiores até mesmo do que aquelas cobradas pelo atraso no pagamento de outras modalidades de empréstimo como o cartão de crédito e o cheque especial”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

As principais formas de pagamento das parcelas são o desconto em folha (28%), prestações em carnês ou crediário (25%) e parcelas no débito automático (25%). Em 72% dos casos, os entrevistados afirmaram estar com o pagamento do empréstimo em dia e 25% em atraso, sobretudo porque a renda da família diminuiu (44% dos que atrasaram).

O conhecimento sobre as empresas se deu principalmente pela distribuição de panfletos (27%), pela internet (20%) e por anúncios em TV, jornais e revistas (18%). Sete em cada 10 entrevistados fizeram o empréstimo pessoalmente nas financeiras (73%) e 23% pela internet.

 

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