A grande verdade é que o jogo ainda não terminou. Apesar de apostar todas as suas fichas na votação da reforma Trabalhista no plenário do Senado, mesmo assim o governo ainda corre o risco de ter alguma surpresa. O senador Renan Calheiros já demonstrou que se depender dele a vida do governo não será fácil e aprovação da reforma Trabalhista poderá sofrer novo revés. Renan foi um dos comandantes da derrota do governo na última terça-feira (20), ao fazer duras criticas a reforma trabalhista e trabalhar para convencer os parlamentares a votarem contra a aprovação da proposta na Comissão de Assuntos Sociais.

"Vai ser uma briga feia no plenário e o governo ainda pode se surpreender com o voto de alguns senadores. Assim como o senador Hélio José (PMDB-DF) - aliado do governo - votou contra o seu partido, outros senadores podem mudar seu voto no último minuto. A raposa velha Alagoana continua rondando seus pares e deu apenas um pequeno susto para lembrar que ainda domina boa parte do Senado federal. Depois de vencer o governo na Comissão de Assuntos Sociais, Renan Calheiros se reuniu com os parlamentares da oposição para contar quantos votos o grupo tem para barrar a reforma trabalhista no plenário do Senado. Portanto, Romero Jucá que se cuide, pois a raposa está comendo pelas beiradas", adverte Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

O senador Romero Jucá (PMDB-RR) disse que a derrota do governo na votação da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, nesta terça-feira, ‘foi um acidente’. Em entrevista no Jornal da CBN, ele disse que o senador Sérgio Petecão (PSD –AC) não conseguiu chegar a Brasília vindo do Acre, por problemas de vôo. No lugar dele, votou o senador Otto Alencar (PSD –BA) que já era contrário ao governo e manteve a sua posição.

Além disso, Jucá também lembrou que o senador Hélio José (PMDB – DF) como sindicalista, votou contra, e o senador Eduardo Amorim (PSDB – SE), também votou contra, de acordo com Jucá, por uma posição pessoal.

"O que a gente pode dizer disso? O efeito é zero na aprovação da matéria. Ela será aprovada sem problemas. Também não é verdade que culpa é do PSDB ou de qualquer partido da base. Porque o PSDB deu um voto contrário, numa posição individual, que nós respeitamos, do senador Eduardo Amorim, mas o PMDB também deu um voto contrário do senador Hélio José. E o PSD, que é um partido da base, também votou contra, por uma posição pessoal, do senador Otto Alencar, que nós temos que respeitar".

Ao ser perguntado se as denúncias contra o governo estão dificultando a aprovação das reformas, Romero Jucá disse que não.

"Nós temos maioria para aprovar a lei. Então, não há nenhuma dificuldade. Essas questões de denúncia de delação devem ser investigadas no âmbito da Justiça, mas há muitos absurdos nesse processo que precisam ser esclarecidos".

Jucá também disse que não precisou intensificar seus contatos para garantir que o governo consiga aprovar o projeto. Segundo ele, as pessoas já estão convencidas. Ele rebateu as críticas feitas pelo senador Ricardo Ferraço (PSDB - ES), relator da reforma trabalhista.

"Isso foi um acidente. Não foi barbeiragem. Não foi falta de condução. Foi simplesmente uma realidade do placar de uma comissão que não reflete a realidade de plenário. Nem de outras comissões. Isso faz parte do processo democrático".

Na quarta-feira, dia 28, o projeto será votado na Comissão de Constituição e Justiça. Depois, os parlamentares vão votar a tramitação do regime de urgência. Em seguida, a matéria estará à disposição do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que poderá pautá-lo em entendimento com os líderes. A tramitação da reforma trabalhista deve ser encerrada no início de julho. Se aprovada, seguirá para a sanção do presidente Michel Temer.