Acender a fogueira, tomar um quentão e comer uma canjiquinha, é sempre um motivo de muita alegria no mês de junho quando se comemora as festas juninas. O único problema são os impostos que incidem sobre os insumos típicos desta época, que chegam a quase 40% em média no preço final de alguns produtos. Toda essa carga tributária em cima dos produtos sazonais faz com que a comemoração fique bem mais cara, onerando o bolso do consumidor e diminuindo o consumo, num momento de crise econômica e política.

O Brasil é um país com uma fome arrecadatória descomunal. Embora a economia do país venha patinando nos últimos anos, a arrecadação de impostos federais tem surpreendido os brasileiros a cada mês que se passa. Esse ano - de janeiro a junho - já atingiu a marca de 1 trilhão de reais em impostos com quase um mês de antecedência com relação ao mesmo período de 2016, quando a marca só foi possível em 5 de julho.

"A população já não suporta mais ver tamanha carga tributária sendo cobrada e desviada para sustentar uma máquina pública cheia de vícios, dominada por uma classe política podre, que domina boa parte dos poderes da república. É dinheiro do povo que sustenta mordomias e financia os redutos da corrupção. Viva São João!", diz Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

Mês de junho e as festas juninas tomam conta do País, sendo que no sábado (24) é comemorado o Dia de São João. Por mais que seja um mês festivo, ele costuma pesar no bolso do consumidor, já que os insumos típicos desta época têm, em média, 39,75% de impostos embutidos no preço final.

Pesquisa realizada pela Associação Comercial de São Paulo em conjunto ao Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) com 17 produtos típicos das festas juninas apontou que os impostos que incidem nos produtos sazonais tornam a comemoração bem mais cara ao consumidor. “O estudo aponta o quanto a tributação onera o bolso dos apreciadores de Festa Junina e pode afetar o consumo, principalmente diante do cenário atual de instabilidade econômica e política nacional”, alerta Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).

O estudo apontou que as taxas mais elevadas para os itens típicos de São João foram encontradas nos fogos de artifícios com tributação de 61,56%; as bebidas alcoólicas como o quentão com 61,56%, cerveja em lata com 55,6% e o vinho nacional, com tributos embutidos no valor final do produto de 54, 73%. Já os refrigerantes em lata e em garrafa têm cargas tributárias de 46,47% e 44,55%, respectivamente, informou a ACSP.

 

Roupas

Engana-se que os impostos encarecem apenas as bebidas típicas de São João. Quem quiser aproveitar as festas vestido a caráter vai pagar índice alta de impostos. O consumidor brasileiro chega a desembolsar 34,67% em tributos por uma camisa xadrez ou um vestido caipira. Já o tradicional chapéu de palha tem 33,95% de tributos embutidos em seu valor final.

 

Alimentos

Para aqueles que não resistem às delícias das Festas Juninas, o estudo aponta que as menores taxas incidem sobre os alimentos, como o milho cozido com tributos na ordem de 18,75%, o pinhão com 24,07% e o fubá com 25,28%. A pipoca que costuma ser considerado um item bem barato por muitos tem taxas e tributos na ordem de 34,99%, na canjica a taxa chega a 35,38% e no pé de moleque os tributos chegam a 36,54%.

 

Comércio

Apesar de todo o peso dos impostos que encarecem os preços dos produtos, há um indicador positivo para o varejo: essa é uma festa tradicional e em ascensão no calendário brasileiro, conforme enfatizou o presidente da ACSP. “Além disso, é uma comemoração prestigiada pelo público em geral; ocorre em diversos espaços da cidade, como igrejas, escolas e ruas; e será festejada até o fim do mês, impulsionando a venda de produtos típicos e movimentando o comércio”, diz Burti.