Mesmo com o adiamento da votação sobre a denúncia contra o presidente Michel Temer para o dia 2 de agosto, os deputados estão entre a cruz e a espada. Durante o recesso, os parlamentares terão como ouvir suas bases e decidir se estarão com o povo brasileiro ou se deixarão levar por benesses do Palácio do Planalto, com ampla distribuição de cargos e emendas parlamentares. Serão 15 dias de muita reflexão, que se tomada à decisão errada poderá custar à reeleição para 2018.

Do lado de cá do Planalto, o momento é do vale tudo para a sobrevivência do governo Michel Temer. O presidente não medirá esforços para, na base da canetada, atrair cada vez mais votos que garantam sua salvação. Isso no meio político chama-se "tratorar". De certa forma, quem acaba se beneficiando com o adiamento é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, caso apareçam fatos novos, como o fechamento de acordos de delação premiada por parte do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o doleiro Lúcio Funaro. Maia é o sucessor natural do presidente caso ele seja impedido de continuar no governo.

"Portanto, cada deputado deverá ficar atento aos apelos de sua base e fazer a escolha certa, tendo em vista a sua sobrevivência em 2018 e não vender sua alma neste momento crítico da política nacional e correr o risco de ser sepultado logo mais junto com aquele que já foi velado e só está esperando um lugar na fila do enterro", observa Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

O líder do PT, deputado Carlos Zarattini (SP), comemorou nesta quinta-feira, 13, o adiamento para agosto da votação sobre a denúncia contra o presidente Michel Temer na Câmara. Segundo ele, o prazo permitirá que os deputados ouçam as suas bases antes de decidirem como vão se posicionar.

"Nesses 15 dias o deputado vai ter a oportunidade de ter contato com a suas bases e optar entre ficar com o povo brasileiro ou ficar com as benesses do Palácio, que são cargos e emendas parlamentares distribuídas a rodo à base do governo", disse.

Após acordo entre a base e a oposição, o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ), marcou para o dia 2 de agosto a sessão de votação sobre o pedido de autorização para que o Supremo Tribunal Federal (STF) analise a denúncia contra o presidente Michel Temer. Segundo Zarattini, o PT preferia que a votação ocorresse no primeiro domingo do mês, dia 5, mas Maia não concordou. "Mas nós conseguimos que fosse em agosto."

A oposição espera que fatos novos, como o fechamento de acordos de delação premiada por parte do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o doleiro Lúcio Funaro desgastem ainda mais o governo. Primeiro na linha sucessória, Maia pode se beneficiar desse adiamento, já que assumiria a Presidência em um eventual afastamento de Temer.

"Cada dia surgem novos fatos que pesam sobre o presidente da República e o grupo do Palácio. Então é muito importante que a gente tenha a condição de ganhar esses 15 dias para que a população possa ter conhecimento do que está de fato acontecendo e o que aconteceu", disse Zarattini."Foi uma vitória fantasiosa na CCJ. Achamos que o plenário é quem vai demonstrar o repúdio que o povo brasileiro a esse governo, que a cada dia aumenta."