Tem sido notável o aumento do número de domicílios brasileiros com acesso à internet. Dados compilados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgados há pouco mostram que, em 2016, de 69,3 milhões de domicílios existentes no País, 48,1 milhões dispunham de alguma forma de acesso à rede internacional de computadores. Isso corresponde a 69,4% do total de lares; para ter uma ideia da velocidade com que o País evoluiu nesse aspecto, basta lembrar que em 2004 apenas 6,3% dos domicílios tinham acesso à internet via microcomputador.

Embora os dados antigos não incluam outras formas de acesso à rede de computadores - só em 2013 o IBGE passou a investigar o acesso por outros equipamentos diferentes do microcomputador, como telefone celular, tablet e televisão -, o aumento é impressionante. Desse modo, como observou um funcionário do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), o País avançou e se desgarrou do grupo de países em desenvolvimento.

 Mesmo assim, o Brasil ainda faz parte de um conjunto de países de nível médio no aspecto da evolução dos sistemas de tecnologia de informação e comunicação, como Romênia, Rússia, Polônia e Montenegro - citados pelo diretor do Departamento de Banda Larga do MCTIC, Artur Coimbra -, distante do grupo das nações mais evoluídas. Pesquisa divulgada pela Comissão Europeia no fim do ano passado mostrou que, em 31 países (a pesquisa incluiu países não integrantes da União Europeia, como a Suíça), a cobertura por rede de internet de banda larga alcança 99,9% das residências. No Brasil, cerca de um terço dos lares está desconectado.

O governo diz que está preocupado em melhorar esses números, mas não tem mais metas para a expansão da internet. Segundo o MCTIC, a última meta era de assegurar, em 2014, o acesso da internet a 35 milhões de domicílios, objetivo que foi superado (chegou-se a 36,9 milhões de residências).

Outra mudança expressiva apontada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua sobre tecnologia de informação e comunicação (TIC), que avalia o acesso à internet e à televisão e a posse de telefone celular, é a rápida expansão do uso do telefone celular para o acesso à internet. Até 2013, o principal meio para se conectar à rede mundial era o micro, utilizado por 88,4% dos usuários, enquanto 53,6% utilizavam o celular. No ano seguinte, os celulares (com 80,4% do total de usuários da rede) superaram os micros (com 76,6%) pela primeira vez. Em 2016, ano de referência da mais recente Pnad Contínua TIC, a vantagem se ampliou: 94,6% dos que acessaram a internet o fizeram por meio do celular, 63,7% por micro e 16,4% por tablet. A presença avassaladora do celular entre os meios de comunicação disponível está reduzindo drasticamente a utilização do telefone fixo. Um terço dos domicílios ainda dispõe desse meio, mas a parcela daqueles que contam somente com telefone fixo se reduziu para 2% do total.

Entre as pessoas que acessaram a rede em 2016, 94,2% utilizaram aplicativos e redes sociais para troca de mensagens de texto, voz ou imagens. A segunda finalidade mais citada para o uso da rede foi assistir a vídeos, programas, séries e filmes (76,4%), seguida de chamadas de voz ou de imagem (73,3%) e envio ou recebimento de e-mail (69,3%).

Igualmente impressionante é a presença da televisão nos lares. Apenas 2,8% das residências não dispunham de um aparelho de TV em 2016. Mas, embora já não sejam mais fabricados, os aparelhos de tubo catódico estão presentes em 46,2% dos domicílios, independentemente de neles haver ou não TVs de tela fina.

O IBGE constatou que, no ano em que a pesquisa foi realizada, havia 6,9 milhões de lares dependentes exclusivamente do sinal analógico de TV. Esses lares não dispunham de aparelho com conversor, não recebiam sinal por antena parabólica nem tinham serviço de televisão por assinatura. Eles resumem a dificuldade para a universalização da TV digital e a abolição do sinal analógico.