O negócio da TV paga sempre encontra reação do consumidor", disse Pecegueiro. "Estamos numa era em que todos os 'seres jurássicos' têm que se unir. Temos um legado a defender. Tem muito o que podemos fazer em cooperação, mantendo ainda alguma concorrência", concordou Baptista. Para eles. A indústria de TV por assinatura tem muito a mostrar e um grande valor conjunto, quando olhado sob a ótica da oferta de todos os canais, mas muitas vezes isso acaba não sendo percebido.
Durante o Pay-TV Forum 2018, realizado por TELETIME e TELA VIVA nos dias 30 1 31 de julho em São Paulo, Meirelles disse que há um mudança no negócio da infraestrutura para a curadoria e é isso que precisa ser divulgado. "O papel das operadoras e programadoras é semelhante ao da imprensa no combate ao fake news. Temos que mostrar qual é a relevância do papel do conteúdo. Há uma impressão de que é um supérfluo, quando não é", afirmou. Como exemplo, destacou que os canais de notícias preparam o jovem para o mercado de trabalho, e os canais infantis são alternativas seguras quando, em crise, falta dinheiro para contratar uma babá.
Durante o PAYTV Forum, que aconteceu nesta segunda, dia 30, em São Paulo, os programadores também engrossaram o discurso por um ambiente menos engessado. Lara Andrade, VP de assuntos regulatórios da Discovery, disse que o fato de haver uma lei com uma série de obrigações é um fato com que as empresas têm que lidar, mas ponderou que as empresas de Internet não seguem a Lei do SeAC como as programadoras tradicionais. Aliás, ela lembrou, que quem definiu o que seriam e como seriam as programadoras foi a própria lei 12.485. "Elas (as empresas de Internet) têm a regulação do Marco Civil, são mundos completamente separados. Mas a figura do programador só existe na Lei do SeAC, que 'contou' para a gente o que a gente era", ironizou. Ela disse que é importante um processo de simplificação regulatória e que hoje o ambiente brasileiro, se não espanta grupos estrangeiros, cria muita insegurança jurídica.
Na ocasião, a manifestação da área técnica da agência foi pela negação da operação, com o argumento de que isso geraria concentração de mercado e feriria a legislação do SeAC. No entanto, foi uma análise sem a manifestação da diretoria colegiada da agência, informa Christian de Castro, presidente da Ancine.
Segundo Guy Bisso, analista e diretor da empresa de análise do mercado de TV paga, a forte queda de base registrada na América Latina tem forte relação com a crise econômica, sobretudo em mercados como Brasil, México e Argentina, mas este movimento aconteceu em paralelo ao crescimento de um novo modelo de distribuição de TV. Dados da consultoria apontam que no final de 2017 o Netflix tinha cerca de 8,5 milhões de usuários no Brasil (o que coloca a plataforma do mesmo tamanho da Net Serviços, maior operadora de cabo do país) e no final de 2018 a estimativa é de 10 milhões de usuários. Seriam, em termos de contratos (accounts), 24% do mercado de TV por assinatura. A discrepância entre os dados absolutos e relativos está no fato de que os usuários de cada conta do Netflix superam o número de assinaturas, pelo compartilhamento de senhas. No entanto, diz Bisson, o Netflix capturaria nesse momento apenas 5% do total de receitas do mercado.
A importação de receptores usados nos serviços piratas vem crescendo substancialmente nos últimos anos, conforme apresentou Marcio Machry, da Cisco OpSec, no PAYTV Forum 2018, realizado nos dias 30 e 31 de julho por TELETIME e TELA VIVA. Segundo ele, foram importados 1,5 milhão de receptores em 2015 e 2 milhões em 2016, com valores de US$ 60 milhões e US$ 91 milhões, respectivamente.