A procura do consumidor brasileiro por crédito caiu 10,2% na análise da variação acumulada em 12 meses (maio de 2014 a abril de 2015 contra os 12 meses antecedentes), de acordo com a Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito).

A queda é recorde desde a criação do indicador, há cinco anos. Na análise mensal (abril de 2015 contra março de 2015) houve queda de 1,2%, descontados os efeitos sazonais. Em comparação com abril de 2014, o recuo foi de 13,8%.

A demanda nas instituições financeiras caiu 2,2% (abril de 2015 contra março de 2015) e para o segmento não-financeiro a queda foi de 0,6%, na mesma base de comparação.

Segundo a Boa Vista, o consumidor tem sido mais cauteloso em tempos de incertezas econômicas. Como consequência, a procura por crédito vem desacelerando, consecutivamente, desde meados do segundo semestre de 2014, resultado observado tanto pela queda mensal, quanto na tendência de longo prazo (variação acumulada em 12 meses).

Os fatores macroeconômicos também têm contribuído decisivamente para piora do índice ao longo dos últimos meses. A alta das taxas de juros, a inflação e a piora do mercado de trabalho são algumas das variáveis. Levando em consideração o ambiente macroeconômico para 2015, a Boa Vista SCPC acredita que uma inflexão da tendência da procura por crédito somente se concretizará com a melhoria da confiança na economia, cenário factível caso se consolidem os ajustes de política monetária e fiscal, atualmente em curso.

 

Percentual de famílias endividadas aumenta pela quarta vez seguida

Pela quarta vez seguida, o percentual de famílias brasileiras endividadas aumentou. De 61,6% em abril, a fatia subiu para 62,4% em maio, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em maio de 2014, o percentual era de 62,7%.

Dentre as famílias brasileiras, 12,5% se consideram muito endividadas – um aumento de meio ponto percentual em relação ao mês de abril –, e 21,9% afirmaram ter mais da metade de sua renda mensal comprometida com pagamento de dívidas.

Entre as formas de pagamento, o cartão de crédito foi apontado como um dos principais tipos de dívida por 76,9% das famílias, seguido por carnês (15,6%) e por financiamento de carro (13,6%).

"Apesar do crescimento mais moderado do crédito, as condições menos favoráveis de contratação de novos empréstimos e de renegociação de dívida, somadas ao recuo dos rendimentos dos trabalhadores, levaram a uma piora na percepção das famílias em relação ao seu endividamento", afirmou a CNC.

A porcentagem daquelas famílias com dívidas ou contas em atraso também aumentou na comparação mensal, passando de 19,7%, em abril de 2015, para 21,1% do total este mês. Também houve alta no comparativo anual, quando esse indicador alcançou 20,9% em maio de 2014.

O percentual de famílias que disseram não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que, por isso, permaneceriam inadimplentes também aumentou em ambas as bases de comparação, atingindo 7,4% em maio de 2015, ante 6,9% em abril e 6,8% em maio de 2014. É o maior patamar desde julho de 2013.