Mesmo sob controle e em queda os juros reais no Brasil precisam de monitoramento constante. Caímos dos 14,25% ao ano em julho de 2015, para os atuais 9,25% em julho de 2017. É realmente uma queda significante, mas que ainda não dá para comemorar, pois o Brasil ocupa a terceira posição no ranking mundial de juros reais, perdendo somente para a Rússia e a Turquia.

"Além disso, não podemos esquecer que a crise continua fazendo estragos na economia, o consumo está em baixa e o desemprego atingiu a casa dos 14 milhões de desempregados. Um exemplo claro da preocupação com o mercado de trabalho, diz respeito à situação do Estado de São Paulo, que anunciou esta semana que o número de desempregados na região metropolitana em junho chegou aos 2 milhões. Por outro lado, vivemos uma crise política jamais imaginada em toda nossa história, que retira a credibilidade e afasta os investimentos no país. Por todas essas razões, não dá para ficar fazendo festa e sair tocando bumbo por aí", Alerta Canindé Pegado, presidente do SINACB.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (26), por unanimidade, baixar os juros básicos da economia brasileira de 10,25% para 9,25% ao ano. Foi o sétimo corte seguido na taxa Selic.

Com a decisão, que confirmou a expectativa dos economistas do mercado financeiro, o BC manteve o ritmo de redução de um ponto percentual verificado na última reunião, realizada no fim de maio.

Em 9,25% ao ano, os juros recuam ao patamar de um dígito, algo que não acontecia desde o final de 2013, ou seja, em quase quatro anos.

A previsão dos economistas das instituições financeiras é de que a taxa básica de juros continue a recuar nos próximos meses e chegue a 8% ao ano no final de 2017, permanecendo neste patamar até 2021.

 

Como as decisões são tomadas

A definição da taxa de juros pelo BC tem como foco o cumprimento da meta de inflação, que é fixada todos os anos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

A meta central é de 4,5% para 2017 e 2018, podendo a inflação oscilar entre 3% e 6% nestes anos sem que o objetivo seja formalmente descumprido.

Normalmente, quando a inflação está em alta o BC eleva a Selic na expectativa de que o encarecimento do crédito freie o consumo e, com isso, a inflação caia. Essa medida, porém, afeta a economia e gera desemprego.

Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas predeterminadas pelo CMN, o BC reduz os juros. É o que está acontecendo agora.

Em razão do fraco nível de atividade, a inflação está bem comportada. No primeiro semestre deste ano, segundo o IBGE, a inflação oficial (IPCA) ficou em 1,18%. Para 2017, o mercado financeiro prevê que a inflação deve ficar em 3,33%, abaixo da meta de 4,5%.

 

O que diz o Banco Central

O Banco Central informou nesta quarta-feira que, para a próxima reunião do Copom, marcada para o começo de setembro, a manutenção deste ritmo de corte de juros, de um ponto percentual, "dependerá da permanência das condições descritas no cenário básico do Copom e de estimativas da extensão do ciclo."

"O ritmo de flexibilização continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação", acrescentou a autoridade monetária.

A instituição informou ainda que, no cenário com trajetórias para as taxas de juros e câmbio extraídas da pesquisa Focus, suas projeções de inflação recuaram para em torno de 3,6% para 2017 e 4,3% para 2018. Esse cenário supõe trajetória de juros que alcança 8,0% ao final de 2017 e mantém-se nesse patamar até o final de 2018.

"O Comitê entende que a convergência da inflação para a meta de 4,5% no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui o ano-calendário de 2018, é compatível com o processo de flexibilização monetária [corte de juros]", acrescentou, indicando que o processo de redução da taxa Selic deverá ter continuidade nos próximos meses.

 

Ranking mundial de juros reais

Com a redução de juros promovida pelo Copom nesta quarta-feira, o Brasil caiu do segundo para o terceiro lugar no ranking mundial de juros reais (calculados com abatimento da inflação prevista para os próximos 12 meses), compilado pelo MoneYou e pela Infinity Asset Management.

Com os juros básicos em 9,25% ao ano, a taxa real do Brasil soma 3,71% ao ano, atrás da Rússia, com juros reais de 4,59% ao ano, e da Turquia (3,93%). Nas 40 economias pesquisadas, a taxa média está negativa em 0,2% ao ano.

 

Rendimento da poupança

De acordo com cálculos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), com a redução dos juros para 9,25% ao ano, os fundos de renda fixa "começam a perder competitividade frente às cadernetas de poupança principalmente nas aplicações de baixo valor."

Nesses casos, observa a Anefac, os fundos têm taxas de administração mais elevadas. "Assim sendo, a caderneta de poupança vai continuar sendo uma excelente opção de investimento, principalmente sobre os fundos cujas taxas de administração sejam superiores a 1% ao ano", acrescentou a entidade.

Isso ocorre porque o rendimento dos fundos de renda fixa sobe junto com a Selic. Já o rendimento das cadernetas, quando a taxa de juros está acima de 8,5% ao ano, como atualmente, está limitado em 6,17% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR).

Analistas avaliam que o Tesouro Direto, programa que permite que pessoas físicas comprem títulos públicos pela internet, via banco ou corretora, sem necessidade de aplicar em um fundo de investimentos, também pode ser uma boa opção para os investidores. O programa tem atraído a atenção de aplicadores nos últimos anos.

 

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