Sabe-se que as velhas raposas sempre deram um jeitinho para se sair bem junto aos seus eleitores. Neste momento delicado da política nacional - onde inclusive a maioria deles são alvos da Lava Jato -deputados e senadores correm para tentar salvar suas candidaturas em 2018, que, aliás, está por um fio.

O povo está assistindo o desenrolar dos atos dos parlamentares e muitos já são alvo em suas bases e nas ruas de chacotas e desprezo da população, que saberá muito bem escolher quem vai merecer seu voto. Então, com base nessa realidade, que já preocupa e assustam nossos congressistas, a ordem agora é tentar salvar a pele empurrando com a barriga para o próximo governo as reformas da previdência e trabalhista.

"O mais urgente agora é o desembarque do governo Temer. O casco ruiu e o barco está à deriva, salvem-se quem puder! Não há mais nada que se possa salvar. Chegou o momento de cada um procurar um porto seguro e tentar assegurar a sobrevivência junto ao eleitorado. O único problema, é que o eleitorado sabe muito bem quem foi contra ou a favor dele, restando à sobrevivência apenas para poucos", afirma Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

Com o agravamento da crise política no País, líderes de partidos da base aliada na Câmara dos Deputados começaram a defender uma reforma da Previdência mais "enxuta".

Nas conversas, os parlamentares já discutem aprovar apenas o aumento da idade mínima para a aposentadoria, considerado um dos pilares da proposta. As outras mudanças seriam encaminhadas só a partir de 2019, quando o país terá um novo presidente eleito pelo voto direto.

Outra opção cogitada por lideranças no Congresso é uma "minirreforma" da Previdência, como antecipou o Estadão/Broadcast na semana passada.

Alguns estudos já foram encomendados para verificar a viabilidade de aprovar medidas por outros caminhos que não uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que precisaria de 308 votos na Câmara e 49 no Senado. Uma saída seria fazer algumas mudanças por medida provisória (MP) ou projeto de lei, que precisam de menos votos.

"É hora de transparência, de reconhecer que o momento é delicado e que isso impacta na votação das reformas. É preciso, sim, fazer uma avaliação do cenário, para entender o que tem condição de ser aprovado agora, deixando o desafio maior para o próximo governo eleito", afirmou o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB). A legenda é uma das principais bases de sustentação do governo Temer no Congresso.

Para Efraim, esses pontos só poderão ser definidos após o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) julgar a ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer por abuso de poder econômico. A Corte marcou o início do julgamento para 6 de junho.

"Se o clima estiver muito pesado, podemos pensar em aprovar uma reforma deixando só a idade mínima. Para dar algum sinal ao mercado", defendeu o deputado Marcos Montes (MG), líder do PSD, quinto maior partido da Câmara.

A opinião é compartilhada pela líder do PSB na Casa, Tereza Cristina (MS), que é da ala do partido ligada a Temer. "Temos de aprovar minimamente a idade mínima", disse. Já o líder do PR na Câmara, José Rocha (BA), diz que nem mesmo este ponto está pacificado.

Deputados do PSDB também avaliam nos bastidores que, com o agravamento da crise política, será preciso "enxugar" a reforma. Desde antes da delação da JBS, a bancada já defendia a flexibilização do texto aprovado pela comissão especial.

O líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), porém, afirmou que a ideia é tentar prosseguir com a proposta. "Estamos monitorando a cada dia, para saber a evolução do cenário. A situação é grave, mas não podemos transferir um problema de ordem judicial para a política macroeconômica."

 

Minirreforma

No Congresso, há também uma avaliação de que a opção da minirreforma "não é tão ruim", porque os efeitos da PEC já eram muito graduais, e o pente-fino que vem sendo feito nos pagamentos do auxílio-doença já dá, no curto prazo, uma contribuição maior para o caixa. Para os defensores dessa estratégia, não há tanto problema em esperar para fazer uma grande reforma em 2019, embora ela tenha de ser mais drástica.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pretende colocar a reforma da Previdência em votação no plenário da Casa entre 5 e 12 de junho. Interlocutores do parlamentar fluminense dizem, porém, que ele deu essa previsão apenas para fazer um aceno ao mercado financeiro de que a crise política não afetará as reformas.

 

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