Cooperação, e não reação, é o elemento-chave da estratégia do setor de TV por assinatura para diminuir o impacto do avanço das empresas startup e de serviços on-line que oferecem conteúdos over-the-top (OTT), como Netflix, Youtube e Amazon, distribuídos sem intermediários. "Temos trabalhado para nos aproximar da conveniência oferecida pelas OTTs", afirma Oscar Simões, presidente da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA). "Há uma tendência de melhorar a experiência do usuário. Cada vez mais o assinante será o diretor de TV, vai assistir ao que quiser, onde estiver e quando quiser. Certamente as empresas devem responder a essa necessidade", afirma.

Até agora, o impacto da chegada das OTTs não provocou maiores traumas no mercado brasileiro de TV por assinatura, que continua em franco desenvolvimento, segundo Simões. De acordo com projeções da ABTA, o número de clientes de TV paga no país deve crescer em torno de 10% este ano. Entre maio de 2013 e maio de 2014, a base de assinantes avançou 10,8%, totalizando 18,8 milhões de assinantes. "Mantido o ritmo de cerca de 150 mil novos assinantes por mês, as TVs por assinatura devem fechar o ano com 20 milhões de assinantes no Brasil", diz Simões.

A estratégia da Telefônica Vivo é intensificar a oferta da conveniência, indica Rafael Sgrott, diretor de vídeo da operadora. "Temos TV por assinatura e mobilidade, por isso queremos dar conveniência, trazendo conteúdo para o pay TV e, ao mesmo tempo, estimular nosso usuário a ir para outras telas", diz. A expectativa é que, futuramente, os usuários possam assistir à TV compartilhando informações em outros equipamentos. E para atender esta demanda, as telcos devem investir em plataformas que suportem conteúdo em múltiplos equipamentos.

A operação da TIM Fiber, embora ainda pequena, contando com 120 mil clientes, vai nessa direção, de acordo com Rogério Takayanagi, CEO da companhia. Segundo ele, o mercado brasileiro tem uma quantidade enorme de pessoas que querem ter acesso a um conteúdo de qualidade, mas não conseguem pagar por isso. Há uma demanda reprimida, e isso é resolvido pela pirataria. Hoje, o furto de sinal de TV por assinatura alcança cerca de 4,2 milhões de lares, o que representa 18% do total de domicílios com acesso a canais fechado, segundo estudo da H2R Pesquisas Avançadas, a pedido da ABTA.

"O desenvolvimento da fibra óptica é uma oportunidade de utilizar tecnologia para resolver esse problema de negócio", afirma Takayanagi. A ideia é que a ampliação das redes de fibra ópticas viabilize a entrega de conteúdo de qualidade e melhore o controle dos direitos dos operadores. Alguns serviços tradicionais de TV por assinatura já começam a migrar para a internet, diz Takayanagi. Em meados de outubro, a TIM Fiber fechou parceria com a TV Alphaville para tornar disponíveis os canais pagos da operadora de televisão por assinatura através do Livre TIM Blue Box, uma central de entretenimento que reúne os conteúdos de maior audiência e relevância. O produto já conta com TV Digital gratuita, Netflix e Youtube.

Há espaço, portanto, para a sinergia entre operadoras de TV a cabo e as OTTs, diz Cyntia Fujikawa, diretora de desenvolvimento de negócios da SPB TV, um dos principais fornecedores mundiais de end-to-end OTT TV, IPTV e soluções de TV móvel. Segundo ela, algumas operadoras já negociam acordos para a distribuição de conteúdos não lineares e há espaço também para distribuição de serviços on-line OTT. "A aceitação das OTTs é grande no Brasil".

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