Aos poucos, a Globo vai revelando qual é sua proposta com o seu serviço de vídeo sob demanda, o Globoplay.

Segundo o diretor de tecnologia da TV Globo, Raymundo Barros, a proposta não é criar um produto OTT independente – como Netflix, Amazon ou Hulu – mas uma experiência integrada com a TV aberta.

Segundo ele, quando o serviço foi lançado, basicamente como uma plataforma de catch-up dos conteúdos da emissora, foi disponibilizado apenas para as plataformas móveis Android e iOS. Mas logo se percebeu que havia uma demanda maior para ter esses conteúdos na tela da TV. "O barato continuava sendo o televisor. Ele é um dos mais importantes devices para o consumo on demand", explica.

O serviço ganhou aplicativos para todas as plataformas de smart TV de todas grandes marcas de televisores. "Hoje gerenciamos um ambiente com mais de mil versões do Globoplay. Nos smartphones são apenas duas versões, iOS e Android", diz, lembrando que os fabricantes apresentam novos releases a cada seis meses.

"Reconhecer o televisor como plataforma significa ampliar o relacionamento com o fabricante", afirma Barros. A Globo desenvolveu um Globoplay nativo com a TCL, fabricante que conta com apelo popular em sua linha de produtos. Os primeiros frutos da parceria começam a chegar ao varejo nesta semana. A ideia é que os ambientes broadcast e broadband da Globo funcionem de forma complementar, mas também integrada. Em breve, diz Barros, a solução permitirá que o televisor mude a fonte do conteúdo de maneira fluída, conforme a disponibilidade de formatos mais adequados ao televisor. Desta forma, o televisor poderia mudar do tuner terrestre para a porta de banda larga caso o conteúdo exibido tenha uma versão em 4K, por exemplo. Tudo de forma fluída, sem precisar de um comando do espectador. "O tuner e o broadband conversam de forma natural", explica. A Globo conversa com outros fabricantes para repetir a experiência.

O modelo traz outro benefício ao radiodifusor, uma vez que o espectador está assistindo TV aberta de forma logada. "Quando o espectador está logado, passo a ter informações sobre ele", explica Barros.

 

Norma

Para permitir a integração das plataformas smart com o conteúdo terrestre, o Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital desenvolveu um framework, que está em consulta pública para que vire norma da ABNT. Os fabricantes poderão adotar de forma voluntária. "Descobrimos, dentro do Fórum SBTVD, que há espaço no padrão para este novo framework de dados que integra broadcast e broadband", disse.

A inclusão da norma no SBTVD, no entanto, não exime o setor de acelerar as discussões para padronizar o UHD, diz Barros. "Se um dia tivermos um novo padrão, teremos 4K e 8K pelo ar. No momento, isso nos dará a possibilidade de atender os milhões de uns, como uns de fato", segue.

 

Modelo preservado

Raymundo Barros diz que, neste momento, a Globo trabalha na viabilização tecnológica, ainda não definiu os modelos de negócio. Todavia, diz que a emissora segue com a publicidade da TV aberta, mas pode migrar para dynamic ad insertion neste modelo híbrido de broadcast e broadband. "Estamos nos tornando uma empresa com relacionamento B2C", diz.

Além disso, Barros aponta que toda a tecnologia vem sendo desenvolvida para preservar o modelo de afiliação da TV aberta, com geoblocking garantindo que o conteúdo que chegará ao espectador será o da região onde ele está. "Continua sendo nossa premissa. As afiliadas já fazem parte do Globoplay", finaliza. Raymundo Barros recebeu jornalistas em entrevista coletiva no Congresso SET nesta terça, 28.

 

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