Veja dicas de dois especialistas para se recolocar no mercado de trabalho. Segundo eles, as oportunidades para quem perdeu emprego ainda existem.

Diante dos sinais de enfraquecimento do mercado de trabalho, com o aumento da taxa de desemprego neste ano – que chegou a 8,1% nos últimos três meses até maio, segundo o IBGE –, os profissionais estão se deparando com o fantasma da demissão, que não estão poupando nem os jovens da geração Y (nascidos entre os anos de 1989 e 1990).

“Perder o emprego é duríssimo. Mas pode estar aí o começo de um novo caminho profissional, marcado pela proatividade e pelo casamento perfeito de competências, habilidades e pontos fortes com os princípios, missão, visão e propósito de grandes empresas. Essas organizações continuam sempre em busca de grandes profissionais”, diz o consultor José Ricardo Noronha.

“Apesar de o mercado de trabalho estar mais enxuto, as oportunidades para quem perdeu o emprego ainda existem, mas é preciso saber como agir para se recolocar rapidamente e, se possível, em uma posição melhor”, diz a diretora de transição de carreira da Stato, Karina Freitas.

 

Veja abaixo as dicas de Noronha e de Karina.

Crie um supercurrículo: De acordo com Noronha, um bom currículo tem no máximo 2 páginas e precisa se destacar imediatamente dos outros milhares que chegam às mãos dos recrutadores. "Para fazer isso, invista em um bom e limpo design. Liste todos os seus grandes feitos profissionais e experiências passadas, com o maior número de dados que puder disponibilizar (crescimento de vendas, redução de despesas etc.)."

Se estiver em busca de diferentes vagas em uma mesma área, ele recomenda criar currículos distintos para cada setor e lembra que customização e personalização neste momento são ainda mais cruciais. "Enumere suas principais habilidades, interesses e busque conectá-los aos valores, princípios e missão das empresas em que deseja trabalhar."

Segundo Karina, a primeira imagem é a que fica, assim, a elaboração do currículo conta, por isso opte por um modelo conciso e bem redigido. Todas as informações devem contemplar os seguintes tópicos: dados pessoais, objetivo, formação, resumo das qualificações, atividades profissionais, empregos anteriores e cursos de aperfeiçoamento.

 

Cuide bem da sua marca pessoal: Noronha diz que, especialmente em tempos de economia desaquecida, é fundamental trabalhar bem o seu posicionamento social. "Revisite ainda hoje os seus perfis nas principais redes sociais e faça todas as modificações necessárias, inclusive apagando aquelas fotos e postagens que em nada ajudam a criar uma boa imagem profissional. Dê especial ênfase ao seu perfil na mais importante rede profissional do mundo, o Linkedin."

 

Liste as empresas em que gostaria de trabalhar: De acordo com Noronha, depois de selecionar as companhias preferidas, estude tudo o que puder sobre elas, seus principais líderes e busque se conectar com pessoas que possam te ajudar a chegar aos líderes de RH e recrutamento. "As melhores empresas e os melhores líderes continuam em busca de profissionais que se identifiquem com a missão, visão, valores e propósito. Seja proativo."

 

Venda-se com maestria: Noronha aconselha a se enxergar como o melhor e mais valioso produto. E para vender esse “superproduto” é preciso ter convicção ao se comunicar e conhecimento pleno dos seus grandes pontos fortes. Busque o tempo todo conectá-los aos desafios que são apresentados para o cargo que você busca no mercado.

"Foque o quanto puder nos benefícios que a empresa que te contratar irá obter. Vá para as entrevistas tendo conhecimento amplo de tudo o que cerca a empresa: vendas, desafios, concorrentes, sonhos, missão, valores, propósito, principais concorrentes."

 

Revisite sua trajetória profissional: Karina indica avaliar o que foi bom e vale a pena manter e o que não faz mais sentido e quer eliminar. "Faça escolhas e um planejamento não apenas para a próxima recolocação, mas também para os próximos ciclos da carreira. Identifique oportunidades e pontos que podem ser desenvolvidos para chegar onde deseja e vá em busca dessa preparação."

 

Destaque os diferenciais competitivos nas entrevistas: Karina não aconselha fazer  apenas a descrição dos cargos. Os diferenciais competitivos farão o candidato ser mais atrativo para o mercado de trabalho. "Sobre seus defeitos, não vá no clichê perfeccionista. Diga realmente seus defeitos e o que você está fazendo para melhorar."

 

Recorra ao seu networking: Karina aconselha ampliar a visibilidade e se conectar a oportunidades e novas possibilidades.

 

Amplie seu espectro de possibilidades: "O mercado pode não ter emprego, mas há muito trabalho. Considerar trabalhos pontuais como oferecer consultoria e/ou prestação de serviço pode ser uma boa forma de se manter ativo e continuar conectado à sua área de atuação. Não se preocupe com remuneração, cargo e forma de contratação. Para isso, é importante ter atitude, vendendo exatamente o que é útil para o outro lado da mesa", diz Karina.