Mais uma vez o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco central confirmou, na última quarta-feira (29), as expectativas da maior parte dos economistas do mercado financeiro, aumentando os juros básicos da economia de 12,75% para 13,25% ao ano, numa alta de 0,50 ponto percentual.
Esse foi o quinto aumento consecutivo da taxa Selic, que segue no maior patamar desde o início de 2009, quando estava em 13,75% ao ano, ou seja, em seis anos.
Com uma taxa mais alta de juros, o Banco Central tenta controlar o crédito e o consumo, atuando assim para segurar a inflação. Por outro lado, ao tornar o crédito e o investimento mais caros, os juros elevados prejudicam o crescimento da economia.
O novo aumento da taxa básica de juros da economia acontece em um momento frágil da economia, que ainda padece de um baixo nível de atividade, com desemprego em alta - o maior desde 2011 -, e com a inflação fortemente pressionada pelo aumento de tarifas públicas, como energia elétrica e gasolina, embora o dólar tenha registrado queda nas últimas semanas.
Ao final do encontro, o Banco Central divulgou um comunicado onde justifica as razões do aumento da taxa básica de juros: "Avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 13,25% ao ano, sem viés".
Participaram pela primeira vez da reunião do Copom, dois novos diretores do BC, Otávio Ribeiro Damaso (Regulação) e Tony Volpon (Assuntos Internacionais).
Entenda como a taxa Selic afeta a vida do trabalhador
O que é:
A Selic é a taxa básica usada como referência pela política monetária brasileira. É a média de juros que o governo paga por empréstimos tomados dos bancos. Quando a Selic cai, as intituições financeiras são impulsionadas a emprestarem dinheiro ao consumidor para conseguirem um lucro maior. Quando ocorre o contrário, a Selic aumenta, os bancos preferem emprestar ao governo, que paga bem e oferece mais garantias. Assim, haverá menos dinheiro disponível e o crédito oferecido às pessoas físicas ficará mais caro.
Impacto na economia:
A medida funciona como um mecanismo utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação. A Selic é considerada a taxa básica porque é usada em operações entre bancos e, por isso, tem influência sobre as outras taxas de juros usadas no país: cheque especial, crediário, cartões de crédito e poupança, por exemplo.
E para o consumidor:
Se os juros caem, a população tem maior acesso ao crédito e consome mais. Mas, de acordo com a lei da oferta e procura, quanto maior for a demanda, maiores os preços de produtos e serviços. Resultado: inflação. É isso que aconteceu nos últimos meses. O temor do governo diante desse cenário motivou o aumento da taxa Selic, que foi de 12,75% para 13,25% ao ano, nos últimos dias.
Com a Selic baixa, fazer um empréstimo ou comprar a prazo sai mais em conta para o consumidor. Com mais crédito, há mais dívidas.
A questão é que se constrói um ciclo, pois tanto a inflação quanto o encarecimento do crédito afetam o poder de compra e a capacidade de pagamento. Hoje, os analistas recomendam que o trabalhador não assuma novas dívidas, já que o crédito está caro. O jeito é esperar que o antídoto contra a inflação surta efeito para que, num segundo momento, as taxas de juros voltem a cair.
Pode até ser um processo chato, mas, para que nada saia do seu controle, é sempre importante ficar atento às taxas de juros e entender quais são as melhores opções para o momento.