Desde que cortou a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 pontos percentuais, na quarta-feira passada (30) pela segunda vez consecutiva, chegando a 13,75% ao ano, o Banco Central tem dado demonstrações de que pretende acelerar a queda da Selic já a partir do próximo ano. Esse movimento tem ganhado força entre alguns membros do colegiado do banco, por entenderem que a economia não está reagindo da maneira esperada pelo mercado e também pela oxigenação que deverá representar daqui para frente às medidas fiscais que estão sendo colocadas pelo governo federal. O BC aposta suas fichas na aprovação das medidas fiscais e na queda da inflação.

"Queremos um Brasil livre da inflação e com um crescimento robusto e sustentável. Mas para isso é preciso subir um degrau de cada vez. Temos muita coisa a fazer e precisamos ter cuidado. Não podemos correr o risco de errar mais uma vez, sob o risco de afundarmos definitivamente. Por isso precisamos começar pela inflação trazendo-a para um patamar que crie condições de baixar ainda mais as taxas de juros e conseqüentemente gerar condições de investimentos e empregos. Depois temos que aprovar as reformas necessárias para que o país consiga sair do marasmo em que se encontra, sempre tendo o cuidado de não ferir e retirar direitos adquiridos dos trabalhadores", diz Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, reforçou nesta quarta-feira (7) a sinalização de que a intensidade do processo de afrouxamento monetário deve crescer em breve ao afirmar que o BC está sensível ao nível de atividade econômica e que a ancoragem das expectativas é o que abre espaço para flexibilização nos juros.

"Eu acho que em termos da ancoragem, na verdade uma reancoragem das expectativas, a gente avançou bastante. E isso vai se mostrar um benefício para frente", disse.

"Uma vez que as expectativas estão ancoradas você pode ter flexibilidade de olhar como a atividade está te afetando", completou ele, após destacar que o BC está sensível e atento à evolução da economia, que passa por recessão.

Segundo ele, a esperada estabilidade na economia não aconteceu no momento esperado e defendeu que a recuperação será "gradual" da atividade.

Pela ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada na véspera, o BC revelou que discutiu aumentar o ritmo de cortes da taxa básica de juros na semana passada, com alguns dos membros do colegiado defendendo que a evolução favorável da inflação, a aprovação inicial de medidas fiscais e o ritmo fraco da economia justificariam movimento mais intenso de redução da Selic.

"Se o cenário do Copom estiver certo, se de fato caminhar na direção que se pensava, que é a direção dessas medidas que eu falei, provavelmente teríamos a intensificação da flexibilização, que seria uma continuidade dos passos atuais para um primeiro passo no ano que vem", afirmou Ilan nesta quarta.

Na quarta-feira passada, o BC cortou a Selic em 0,25 ponto percentual pela segunda vez consecutiva, a 13,75% ao ano.

Ao ser questionado sobre as incertezas no ambiente político em café da manhã com jornalistas, Ilan afirmou que é preciso ter serenidade no momento e que o importante é ver as reformas sendo aprovadas.

"Em relação a se mudou nossa visão desde o comunicado, a ata, não mudou. Nós temos serenidade", disse.

"A gente tem que olhar para frente de uma forma serena. O importante é que as reformas sejam aprovadas, o importante é que a inflação continue caindo, o importante é que as expectativas de inflação continuem ancoradas", acrescentou.

Com as mensagens recentes da autoridade monetária, o mercado passou a consolidar apostas de redução mais forte da Selic, de 0,5 ponto percentual, na próxima reunião do Copom, em janeiro.

 

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