A conta do desequilíbrio vem pelos juros e também pelo desemprego. Nesta terça-feira (28), o IBGE divulga a taxa mensal de desemprego do país, que deve ter saltado para acima de 6% em março. A piora antes da melhora acontece e é inevitável sempre que a distorção durou mais do que devia.

Em julho de 2008, o índice oficial de inflação (IPCA) rodava a 6,37% ao ano e o Banco Central comandado por Henrique Meirelles decidiu dar um choque nos juros para assustar a inflação. O Copom subiu a taxa básica para 13%, com uma alta de 0,75 ponto percentual. No mês seguinte, outra pancada na Selic, que foi para 13,75%. Foi a última vez, desde então, que a economia brasileira conviveu com juros nesse patamar.

Com o estouro da crise financeira internacional em setembro de 2008, o BC precisou jogar os juros para 12,75% em janeiro de 2009, em outro movimento brusco do Copom que baixou a Selic em 1 ponto na reunião daquele mês. Em 2009 o PIB foi negativo, acompanhando o movimento mundial de recessão e baque com a crise financeira do século. O IPCA também reagiu e fechou em 4,31% naquele ano. Foi a última vez que o país conviveu com inflação nesse patamar – pertinho da meta de 4,5%, em vigor desde 2005.

O mundo não está mais em recessão, apesar de muitos países da Europa ainda enfrentarem baixo crescimento, alto desemprego e fragilidade financeira. Na direção contrária, o Brasil vai revisitar, em 2015, o cenário vivido em 2009. Nesta semana o Copom se reúne para levar a taxa Selic novamente para acima de 13% ao ano. O PIB caminha para uma recessão ainda mais forte do que a registrada há 6 anos.

A única comparação válida com o passado seria a inflação. Neste caso, 2015 perde feio já que vamos ficar com um IPCA acima de 8%, tendo a mesma meta de 4,5% para inflação. A semelhança mais próxima com este quadro inflacionário está há 12 anos, quando o país teve IPCA de 9,30%. Naquele ano, a economia conviveu com uma taxa de juros de até 26,5% para segurar a alta dos preços.

Desde então o país evoluiu e os instrumentos de política econômica ficaram mais eficientes dentro de casa – tanto assim que dificilmente voltaremos a ter uma taxa de juros na casa dos 20% para tratar da inflação. Para seguir com as comparações, em 2003 a taxa de juros dos Estados Unidos era de 1% ao ano! Em meados da década passada, o FED precisou eleva-la para 5,25%. Agora, os juros americanos estão entre zero e 0,25%.

O grande culpado por tanta discrepância nacional, principalmente nos últimos 5 anos, é o descontrole das contas públicas. Nesse tempo consumimos um equilíbrio alcançado na condução dos gastos governamentais, com prejuízo aos investimentos e à confiança. O diagnóstico fica evidente a cada mês nos resultados apresentados pelo Tesouro Nacional – os de março serão conhecidos também nesta semana.

A conta do desequilíbrio vem pelos juros e também pelo desemprego. Nesta terça-feira (28), o IBGE divulga a taxa mensal de desemprego do país, que deve ter saltado para acima de 6% em março. A piora antes da melhora acontece e é inevitável sempre que a distorção durou mais do que devia. 

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