"Canindé Pegado, presidente do SINCAB, é contra o atual fator previdenciário e defende a reforma da Previdência para restabelecer a antiga sistemática para a aposentadoria que é de 35 anos de trabalho para o homem e 30 anos de trabalho para a mulher, independente da idade do trabalhador".

Os dissensos entre os ministérios do Trabalho e da Fazenda em relação à reforma da Previdência são um começo ruim de um debate que deve ser difícil e que promete uma eventual tramitação conturbada caso siga para o legislativo, avaliam economistas. Para muitos deles, a falta de unidade no discurso do governo levanta dúvidas sobre sua real disposição em levar a cabo uma reforma sabidamente com elevado ônus político.

Em entrevista ontem publicada no Valor, o ministro do Trabalho, Miguel Rossetto, afirmou que o governo não tem posição fechada, entre outros temas, sobre a elevação da idade mínima para a aposentadoria - para muitos especialistas, o ajuste mais urgente. Rossetto classificou como opinião pessoal de Nelson Barbosa as declarações do ministro da Fazenda em defesa da instituição de uma idade mínima de 65 anos.

"A discussão sobre a reforma começa muito mal. Não sabemos quem está falando pelo partido e quem está falando pelo governo. O Barbosa não tem opinião pessoal, sua opinião é a de ministro", ressalta o professor da FEA-USP Luis Eduardo Afonso. O especialista em previdência lembra que reformas desse tipo geralmente são feitas em início de governo, aproveitando o capital político pós-eleições.

"O ministro Rossetto sempre foi publicamente contra. Se o governo realmente queria fazer reforma, por que o nomeou para o ministério?", questiona José Márcio Camargo, economista da Opus Gestão de Recursos e professor da PUC-RIO. "Minha avaliação é que o governo não quer fazer reforma da Previdência. Está tentando jogar para a platéia e ganhar tempo", diz ele.

 

 

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