O governo da presidente Dilma Rousseff está batendo um novo recorde: o desemprego entre os jovens de 18 a 24 anos atingiu seu maior nível na série histórica da Pnad trimestral, calculada pelo IBGE desde 2012.

Nessa faixa etária, já são 19,7% os que não conseguem emprego. Quando se considera o número total de desocupados no país, os jovens representam 33,1%.

A taxa de desocupação de 18 a 24 anos vem crescendo rapidamente desde o 4º trimestre (out. a dez.) de 2014, quando estava em 14,1%. A alta está diretamente ligada a piora da economia brasileira, que vem se deteriorando e acertando em cheio o mercado de trabalho.

Na comparação com a taxa de desocupação da população total do país, que foi de 8,9% no 3º trimestre de 2015, a situação é ainda mais preocupante, já que o desemprego entre os jovens é mais do que o dobro da média nacional.

A seguir, a tabela com a evolução do desemprego entre a população total e os jovens:

 

Desemprego total e entre jovens

PeríodoTotalJovens (18-24 anos)
Jan-Mar (2012) 7,9% 16,4%
Abr-Jun 7,5% 15,7%
Jul-Set 7,1% 14,4%
Out-Dez 6,9% 14,2%
Jan-Mar (2013) 8,0% 16,4%
Abr-Jun 7,4% 15,4%
Jul-Set 6,9% 15,1%
Out-Dez 6,2% 13,1%
Jan-Mar (2014) 7,2% 15,7%
Abr-Jun 6,8% 15,3%
Jul-Set 6,8% 15,3%
Out-Dez 6,5% 14,1%
Jan-Mar (2015) 7,9% 17,6%
Abr-Jun 8,3% 18,6%
Jul-Set 8,9% 19,7%
Fonte: IBGE

 

CRISE FAZ JOVENS PROCURAREM MAIS TRABALHO

Para o economista Fábio Silva, do Conselho Federal de Economia (Cofecon), o aumento está ligado ao fato de as empresas estarem contratando cada vez menos por causa da crise econômica, o que afeta diretamente quem está à procura do primeiro emprego.

“O ajuste [das empresas] acaba afetando proporcionalmente mais os jovens porque a porta de entrada do mercado de trabalho está ficando mais apertada'', afirma Fábio.

O cálculo da taxa de desemprego leva em conta quem realmente está desempregado e procurando uma ocupação. Um desempregado que desiste do mercado, depois de um tempo é desconsiderado. Já os jovens, que estão à busca de uma primeira colocação, aparecem com mais vigor nos indicadores.

 

PESQUISA ANTIGA

O maior nível de desocupação já registrado pelo IBGE para jovens foi em abril de 2004. Naquela época, um a cada 4 jovens estava sem trabalho –25,1%– segundo a antiga Pesquisa Mensal de Emprego, que coletava dados apenas em algumas regiões metropolitanas do país para produzir o cálculo. Para a população total também havia sido registrado um recorde de desemprego: 13,1% naquele mês.

O levantamento produzido pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) trimestral, que abrange o país inteiro, é muito recente. Esse estudo vem sendo feito desde 2012 e traça um panorama mais completo do mercado de trabalho nacional. Antes, o Brasil tinha apenas a pesquisa mensal de emprego, mais rudimentar (apurava o indicador só em 6 regiões metropolitanas). O IBGE já decidiu que a PME (Pesquisa Mensal de Emprego) será aposentada em fevereiro de 2016. Ainda assim, é a única informação consistente que existe disponível para analisar informações mais antigas.

Observados dados dessa pesquisa mais antiga, os 13 anos do governo petista indicam que houve grande deterioração no período recente. Dilma Rousseff recebeu o país das mãos de Lula com 5,3% de desempregados (taxa de dez.2014). A atual chefe de Estado melhorou o indicador, que chegou a um nível de apenas 4,3% de desocupação em duas ocasiões: dezembro de 2013 e 2014. No entanto, de lá para cá a taxa subiu por 9 vezes.

Entre jovens, houve uma explosão de desemprego neste ano de 2015, com a taxa chegando a 19,6%.

Abaixo, o desemprego entre jovens (apenas nas regiões metropolitanas) calculado pela pesquisa mensal de emprego para os meses de dezembro, de 2002 a 2014, e para outubro em 2015:

 

Desemprego entre jovens (2001-2015)

só regiões metropolitanas

Ano%
2002 19,4
2003 20,7
2004 19,6
2005 17,7
2006 18,7
2007 16,3
2008 13,6
2009 14,6
2010 11,5
2011 10,6
2012 10,6
2013 10,3
2014 10,5
2015 (out.) 19,5
Fonte: IBGE
OBS: Esse dado é da Pesquisa Mensal de Emprego, levantamento realizado apenas em 6 regiões metropolitanas: Porto Alegre, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Salvador. Essa coleta de dados esta sendo "descontinuada" e o IBGE vai encerrá-la em 2016.

 

NORDESTE PUXA A FILA

A região na qual o PT, Lula e Dilma sempre tiveram suas maiores votações é a que apresenta o maior número de jovens sem emprego: 23%. Em seguida, vem o Sudeste, que está mais de 1 ponto percentual (21%) acima da média nacional. A tabela abaixo com o histórico da taxa nas regiões:

 

Desemprego entre jovens

(em vermelho quando acima da média nacional)

PeríodoJovens (18-24 anos)
 .TotalSulSudesteCentro-OesteNordesteNorte
Jan-Mar (2012) 16% 10% 16% 14% 20% 18%
Abr-Jun 16% 10% 16% 13% 20% 18%
Jul-Set 14% 9% 14% 11% 19% 17%
Out-Dez 14% 8% 14% 12% 19% 16%
Jan-Mar (2013) 16% 10% 15% 14% 22% 19%
Abr-Jun 15% 9% 15% 13% 20% 19%
Jul-Set 15% 9% 16% 11% 19% 16%
Out-Dez 13% 7% 14% 10% 16% 14%
Jan-Mar (2014) 16% 9% 16% 12% 20% 16%
Abr-Jun 15% 10% 16% 12% 19% 16%
Jul-Set 15% 10% 16% 11% 19% 15%
Out-Dez 14% 8% 14% 12% 17% 15%
Jan-Mar (2015) 18% 12% 18% 16% 21% 19%
Abr-Jun 19% 13% 19% 15% 22% 19%
Jul-Set 20% 13% 21% 16% 23% 20%
Fonte: IBGE OBS: para facilitar a leitura, esta tabela eliminou as casas depois da vírgula.

 

JOVENS E RENDA FAMILIAR

Outro dado relevante levantado pelo IBGE diz respeito a população economicamente ativa (PEA) e calcula o número de pessoas que já estão no mercado de trabalho e aquelas que procuram entrar.

O número de jovens na PEA aumentou gradualmente nos últimos trimestres, especificamente a partir do 3º trimestre de 2014.

Segundo a Pnad trimestral, o número de pessoas de 18 a 24 anos presentes na população economicamente ativa aumentou 0,2% de julho a setembro, enquanto no mesmo período de 2014 essa estatística havia registrado queda de 2,3%.

Os dados refletem a mudança da situação econômica das famílias brasileiras. A nova classe média perdeu poder aquisitivo nos últimos 2 anos após viver um breve milagre econômico no fim do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010).

Para Fábio Silva, antes do início da crise econômica, os jovens puderam se dedicar exclusivamente aos estudos, sem precisar trabalhar, por havia desse grupo na PEA. Com a diminuição da renda, não houve alternativa para eles senão ajudar nas contas de casa: “Com a deterioração do mercado de trabalho, a conjuntura se alterou. Os jovens estão voltando ao mercado de trabalho possivelmente para complementar a renda familiar”, afirma o economista.

Sobre a perspectiva da economia para o ano que vem, Fábio não acredita que a crise será superada num curto período de tempo: “Olhando os indicadores do mercado de trabalho ainda não conseguimos vislumbrar uma melhora dessa tendência. Só podemos esperar um progresso, talvez, a partir do 2º semestre de 2016”.

 

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