O Brasil fechou o último trimestre do ano com 8.029.000 desempregados. Por outro lado, aumentou a participação em de 14% para quem tem mais de 60 anos. A Sala de Emprego do Jornal Hoje (TV Globo) desta segunda-feira (8) falou das pessoas que estão fora do mercado de trabalho ou porque foram demitidas ou por causa da idade.

Todos os dias há muita gente em busca de uma nova chance. “Vou procurando sites de emprego, comprando jornal, tentando se virar”, relata o instrutor de Auto Escola, Adriano Jesus Pereira.

Procurar o Sistema Nacional do Emprego (Sine) pode ser um bom começo. Além de possuir um cadastro com milhares de vagas disponíveis em todo o país, muitos postos oferecem serviços de orientação profissional para quem precisa se recolocar no mercado de trabalho.

“O ideal não é esperar até o final do recebimento do seguro desemprego pra buscar outra vaga, porque suas chances de recolocar reduzem muito. Essa é a chance que você tem de continuar no mercado com uma boa remuneração”, orienta Iara, coordenadora do Sine-MG.

Entrar em contato com antigos colegas de trabalho ou de faculdade para pedir indicações também é um bom caminho para se recolocar no mercado. Aproveitar o tempo livre para fazer cursos de aperfeiçoamento é outra dica.

É o que Shirley Azevedo está fazendo. Ela procura uma vaga de auxiliar administrativo, mas enquanto não consegue, está se qualificando para, quem sabe, até mudar de área: “Eu gosto muito de cozinhar, culinária, alguma coisa relacionada à alimentação, abrir o meu próprio negócio”.

“Se eu estou num momento em que o mercado está mexido, que a gente tá com um pouco de retração, eu prefiro ter pessoas que já possam me trazer resultados mais rápidos do que se eu tiver que treinar aquela pessoa, naquele segmento, naquele cargo e qualificar aquele profissional pra desenvolver aquela função”, alerta Marisa Ayub, psicóloga especialista em RH.

Depois de sete meses de procura, a psicóloga Lúcia Helena Ribeiro Mendes aceitou uma redução de 35% no salário em uma função diferente do que ela exercia antes de ser demitida e agora está de volta ao mercado: “É importante esse profissional ter a preocupação, ter o foco na recolocação. Em primeiro lugar encontrar um lugar no mercado de trabalho e depois se reencontrar na profissão e se reencontrar na faixa salarial. Isso é mais importante”.

 

Experiência em destaque

Maria do Carmo Teixeira Dantas tem 37 anos só de trabalho na sessão de cosméticos de um supermercado. "Todo mundo que anda aqui praticamente a gente conhece”, diz. A empresa em que ela trabalha tem mais de dois mil funcionários com mais de 55 anos. “Prazer de estar trabalhando, ser útil e, por enquanto, não tô pensando em parar não”, diz o empacotador Jaime Ferreira, de 72 anos.

Os idosos estão cada vez mais ativos. Segundo o Pnad, 27,5% dos brasileiros com mais de 60 anos trabalham. No Ceará esse número é ainda maior: 32%. "Está associado a baixos rendimentos. Então, isso força que o aposentado continue trabalhando", explica Mardônio Costa, analista de mercado de trabalho.

Pesquisa do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho apontou que, como acontece nas outras faixas etárias, quem tem mais qualificação, tem mais chances de emprego depois do 60 anos também.

Um grupo de jovens alunos, por exemplo, estão aprendendo direito com o professor Oscar Souza Filho, que tem 67 anos e foi contratado ano passado pela universidade: “Me convidaram para dar aula aqui reconhecendo, como eles diziam, a minha experiência. Pra eu dar uma contribuição. Mas eu digo de coração, eles me deram um oxigênio, porque eu não vivo fora da sala de aula".

“Trazer esses profissionais com essa bagagem, o ganho é duplo: tanto para o profissional, quanto para o aluno que tem, em sala de aula, alguém com a experiência necessária e com um novo vigor acadêmico", afirma Luis Antonio Rabelo, diretor da universidade.

Virar professor é um caminho para quem já se aposentou voltar ao mercado, mas há outros. “Uma delas é a consultoria, porque uma empresa de pequeno e médio porte que não tem potencial para contratar um executivo com salário alto, tem condição de pagar um valor mais baixo por uma consultoria", afirma Valéria Mota, gerente-executiva de RH.

A professora Rejane Vasconcelos preferiu repassar para quem está chegando na faculdade o que aprendeu em uma vida inteira como assistente social: “Eu poderia ter escolhido uma outra coisa pra fazer ou continuado na condição de assistente social, mas era essa outra parte que me faltava para completar a minha realização".

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