O processo de queda da inflação no Brasil tende a ser de forma gradativa. Trazê-la para 3% no longo prazo conforme anunciou o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, só será possível mediante a volta do crescimento da economia e depois de aprovadas às reformas propostas pelo governo. Além disso, o Brasil precisa estar menos vulnerável a choques externos que influenciam os preços internamente. Somente assim serão criadas as condições básicas para a queda da inflação.

Não adianta querer derrubar a inflação na base da canetada ou qualquer outro mecanismo, pois o tiro poderá sair pela culatra como aconteceu com os juros em 2013, quando o BC baixou a Selic para 7,25% e obrigou os bancos públicos a fazer o mesmo. A inflação subiu e o juro teve que voltar a um patamar elevado.

"É preciso muita calma nessa hora! Tem que ser um passo de cada vez e muito bem dosado. Qualquer erro poderá significar a volta de uma inflação maior e mais destrutiva. Precisamos de um crescimento sustentável e vigoroso, que permita criar condições para a volta dos investimentos e do pleno emprego", assinala Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

O economista Marcio Milan, da consultoria Tendências, considera que é possível que o Brasil tenha uma meta de inflação de 3%. Mas isso só deve acontecer quando a economia voltar aos trilhos do crescimento e com a aprovação das reformas propostas pelo governo. O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse hoje que o Brasil terá uma meta de inflação de 3%, como os demais países emergentes, no longo prazo.

— É possível, quando a economia voltar ao normal. mas não existe um prazo para isso. Quando a economia voltar a crescer, com as reformas aprovadas e o Brasil ficar menos suscetível a choques externos que causam aumento de preço, o BC poderá fixar a meta em 3%. Longo prazo é uma expressão abstrata, mas o presidente do BC a usou porque não é possível determinar uma data para isso — disse Milan.

Ele observa que o histórico de indexação de preços existente no Brasil atrapalha essa trajetória. Atualmente, a economia brasileira ainda tem muitos contratos indexados a índices de inflação, que replicam os índices para o ano corrente. O economista avalia que é preciso abrir uma discussão sobre outras formas de indexar essas contratos, que não impactem na inflação.

O economista diz que não é possível trazer a meta de inflação de forma abrupta para 3%. isso certamente causaria estragos atualmente. Mas ao sinalizar que pode fazer esse movimento de forma gradativa, o BC enxerga que a economia tem condições de conviver com uma variação de preços menor.

— Não pode ser abrupto, como aconteceu com os juros em 2013, quando o BC baixou a Selic para 7,25% e obrigou os bancos públicos a fazer o mesmo. A inflação subiu e o juro teve que voltar a um patamar elevado. Esse tipo de estratégia com a meta de inflação também não funciona. É preciso ir baixando a meta gradativamente — disse Milan.

 

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