Embora a base de assinantes de serviços de vídeo OTT esteja em crescimento acelerado, seu impacto na TV por assinatura não é proporcional.
Nos casos em que há mudança de um serviço para o outro, o preço é apontado como um dos fatores determinantes, o que sugere que a troca, quando existe, se dê entre os mais afetados pela recessão econômica.
É o que mostra uma pesquisa da CVA Solutions, realizada em julho de 2018. A oferta de pacotes quadruple play é uma das iniciativas que ajudam as operadoras a manter seus clientes, diz o levantamento. Os dados, no entanto, se restringem aos clientes de operadoras de celular, meio pelo qual a pesquisa foi feita, apresentando algumas distorções em relação à realidade apontada por números oficiais. A penetração do serviço de TV por assinatura entre os 7 mil entrevistados na pesquisa é de quase 60% (4.174 pessoas), enquanto os dados da Anatel (que não incluem os servi~cos OTT) apontam uma penetração que flutua em torno dos 26% dos domicílios. Não foram apresentados detalhes sobre a distribuição geográfica nem sócio-econômica dos entrevistados, o que também pode influenciar nos resultados.
O estudo – que aborda a percepção de valor nos combos de banda larga, TV por assinatura e telefone fixo – aponta que os contratos apenas para Internet em residência subiram de 21,4%, em 2015, para quase 35% em 2018 entre os 7 mil entrevistados. Ao mesmo tempo, o percentual de assinantes somente de Netflix (sem um serviço de TV por assinatura) aumentou 7 pontos percentuais entre os ouvidos pelo estudo, de 8% em 2017, para 15% dos entrevistados em 2018. A base total do serviço OTT entre os entrevistados é de 49%. Ou seja, de todos os entrevistados, 34% assinam TV paga e Netflix simultaneamente. Vale salientar que mais da metade dos assinantes apenas de Netflix (51%) são os chamados cord nevers – ou seja, nunca assinaram um serviço de televisão. Diante do cenário de recessão econômica, quase 10% de todos os que têm TV por assinatura afirmam que pretendem cancelar o serviço nos próximos seis meses e ficar apenas com a opção do Netflix, segundo as entrevistas feitas pela CVA. Os motivos para essa decisão são o preço, liberdade de horário, ausência de propaganda, além de grande variedade de conteúdo.
A base apenas de assinantes TV por assinatura (sem o serviço OTT) passou de 42% no levantamento anterior da mesma pesquisa para para 25%, o que sugere a complementariedade dos serviços para a maior parte dos assinantes.
Os filmes e séries são os principais programas para quem assiste TV por assinatura, seguido com menor intensidade por notícias, documentários e esportes. Das pessoas que têm TV por assinatura, 82% assistem filmes nos canais pagos, 42% pelo Netflix, 19% pelo Youtube e 19% na TV aberta.
Os usuários de jogos online também cresceram entre 2017 e 2018: de 43,7% para 48,7%. Na mesma tendência, outros usos da banda larga residencial aumentaram, como comprar online, baixar músicas e assistir filmes.
De acordo com levantamento, o telefone fixo sofre um impacto maior na evolução das plataformas OTT. Quase 30% dos entrevistados já cortaram o fixo e 20% nunca tiveram telefone fixo.
Combo
Segundo o levantamento da CVA, as operadoras estão reagindo a estas tendências e intensificando a venda do combo de quatro produtos (telefone celular, banda larga, TV por assinatura e telefone fixo), para fidelizar os clientes e manter os concorrentes fora desses domicílios.
De acordo com o estudo, os consumidores também deram notas melhores para os serviços de telecom do que nos anos anteriores. Mesmo assim, o número de insatisfeitos que querem mudar de operadora aumenta: 75% mudaria de provedor de banda larga, 67% mudaria de provedor de TV paga e 69% mudariam de marca de provedor de telefonia fixa, em busca de custos menores.
Embora estejam melhores em relação aos levantamentos realizados nos anos anteriores, as notas dos três serviços pesquisados ainda estão ruins. Internet Banda Larga está na 41ª posição, com nota 7,18, sendo que era de 6,84 em 2017. TV por assinatura está na 42ª posição, com nota 7,15, praticamente igual ao ano passado. Já a telefonia fixa, com nota 7,00, fica na 44ª posição, à frente apenas de bancos, planos de saúde e PVA (satisfação profissional), nota 6,28.
A escala de notas do estudo varia de 1 a 10, sendo que os líderes em avaliação compreendem produtos da linha branca, micro-ondas (nota 8,87), varejo online (8,72), refrigeradores (8,67) e lavadoras de roupa (8,62).
TV por assinatura
Foram ouvidas 4.174 pessoas sobre TV por assinatura, que citaram ser clientes de praticamente todas as grandes operadoras.
A média de gasto mensal com TV paga diminuiu em relação a 2017 (de R$ 145 para R$ 144), segundo a pesquisa. Dentre os entrevistados, 67,2% querem mudar de operadora, número superior a 2017, quando eram 61,4% afirmavam o mesmo. Questionados sobre qual operadora escolheria, 5,4% afirmaram que pretendem cancelar o serviço de TV por assinatura.
Em valor percebido (custo-benefício percebido pelos clientes) a Claro conquistou a primeira colocação, com índice 1,03, seguida pela Vivo TV, Sky e Oi TV.
Neste ano a CVA Solutions avaliou também a percepção de Valor Percebido dos consumidores para a Netflix. E o resultado foi que o Valor Percebido da Netflix é melhor que o das operadoras de TV por assinatura (tanto em custo como em benefícios). O Valor Percebido de quem tem Netflix é 1,16, segundo o levantamento.
A operadora que detém a maior Força da Marca (a atração menos rejeição perante clientes e não clientes) em TV por assinatura continua sendo a Sky (com 22%). Na segunda colocação está a Net, seguida por Vivo TV e Claro TV.
Banda larga
O número de lares que possuem contratos somente para o serviço de banda larga subiu de 29,4% para 34,9%, na amostragem da CVA, que ouviu 4.165 pessoas que citaram serem clientes de Net, Oi, Vivo-Telefonica, Vivo Fibra, Claro, Live TIM, Sky Banda Larga, CTBC-Algar.
A velocidade média contratada vem aumentando e atualmente é de 15,3 Mbps, três vezes maior do que em 2013. Mais de 60% têm velocidade entre 5 e 50 Mbps, 10 pontos percentuais a mais do que em 2017. A média de gastos com internet está estável em relação a 2017 e menor do que em 2013, revelando custos menores.
As pessoas estão mais satisfeitas com a qualidade do serviço recebido pelas operadoras de Internet. Mas mesmo assim, se fosse fácil e descomplicado, 75% gostariam de mudar de marca, número superior a 2017, quando 66,9% queriam mudar.
O melhor Valor Percebido (custo-benefício percebido pelos clientes) para Internet Banda Larga é da Claro, com nota 1,13, considerada world class. Em segundo lugar está a Live Tim, seguida por Vivo Fibra.
A operadora com a maior Força da Marca (a atração menos rejeição perante clientes e não clientes) é a Net, com 19,7%. Em segundo lugar vem a Vivo Fibra.
Telefonia fixa
O estudo para telefonia fixa ouviu 3.474 pessoas, que citaram as marcas Vivo Telefonica, Oi, NET, Claro, TIM, Embratel, CTBC-Algar.
Dentre os entrevistados, 69% querem mudar de marca, número superior da 2017, quando eram 65%. E mais entrevistados dizem que vão cancelar o telefone fixo: 7,3%, contra 6,7% em 2017.
O telefone fixo está sendo considerado dispensável pelos entrevistados: 29,3% já tiveram e já cancelaram e 20,4% nunca tiveram um telefone fixo.
Em valor percebido (custo-benefício percebido pelos clientes) a Claro é a primeira colocada com nota 1,13 (world class), seguida pela Embratel, TIM e CTBC-Algar.
Em Força da Marca (a atração menos rejeição perante clientes e não clientes) a Vivo/Telefonica tem o primeiro lugar com 20,5%. Na segunda colocação está a Net, seguida pela Claro e TIM.