Quando se fala em desemprego, especialistas são unânimes em afirmar que a recuperação do mercado de trabalho só deverá se concretizar a partir do segundo semestre de 2017. Até lá, o número de desempregados continuará subindo, antes de reagir, quando o Produto Interno Bruto (PIB) do país enfim começar a se recuperar.

"Apesar do PIB ter apresentado uma queda de 0,6% no segundo trimestre de 2016 em relação ao trimestre anterior, estamos confiantes que haja uma reação no nível de empregos já no próximo ano. Temos que trabalhar muito para mudar esse cenário de penúria que o país se meteu. Tudo isso é fruto da combinação de inflação alta, queda no emprego e na renda e encarecimento do crédito e dos juros", afirma Canindé Pegado, presidente do SINCAB.

Desde que a deterioração no mercado de trabalho começou, como conseqüência da crise econômica e política, o País ganhou 5, 397 milhões de desempregados, de acordo com os dados da Pnad Contínua, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"Os indicadores começam a piorar na virada de 2013 para 2014, mas o mercado de trabalho demora mais um pouco a reagir à virada nos indicadores de atividade", lembrou Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura CTVM, responsável pelo cálculo no saldo de desempregados.

Silveira ressalta que o crescimento na fila do desemprego começa em novembro de 2014 e desde então avança a galopes. "A partir daí, a desocupação sobe todo mês. Não tem refresco, é uma subida só", disse.

Da mesma forma que o mercado de trabalho demorou a demitir quando a atividade econômica começou a falhar, o emprego também deve levar um tempo antes de reagir quando o Produto Interno Bruto (PIB) do País enfim começar a se recuperar.

"O mercado de trabalho deve começar a se estabilizar no primeiro trimestre do ano que vem", previu Silveira.

Ainda mais cético, Mauricio Nakahodo, economista do MUFG (Mitsubishi UFJ Financial Group), dono do Banco de Tokyo-Mitsubishi UFJ Brasil, estima que a estabilização só comece no segundo semestre de 2017. "No final do ano que vem a taxa de desemprego começa a recuar", disse Nakahodo.

 

Prazo

O consenso entre analistas, no geral, é que a taxa de desemprego piore pelo menos até o fim do ano. O resultado de 11,6% registrado no trimestre encerrado em julho já poderia ter sido mais agudo, não fosse à realização dos Jogos Olímpicos no Rio. É provável que a competição tenha ajudado a manter empregos na região.

O resultado do impacto do evento sobre o mercado de trabalho, entretanto, só poderá ser medido em novembro, quando a taxa de desocupação estará livre de possíveis influências da Rio 2016, afirmou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

"A situação do Rio pode estar menos favorável do que está apresentando", disse.

O pesquisador lembrou que, ao retirar "esse ruído" sobre a taxa de desemprego, pode ser que o resultado mude não apenas na região beneficiada pelo evento, mas também o resultado nacional, "porque o Rio tem peso (relevante) na pesquisa."

Os dados de desemprego continuarão ruins, refletindo no mercado de trabalho a desaceleração econômica, afirmou o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.

Segundo ele, o PIB brasileiro do segundo trimestre até poderá vir um pouco melhor, mas o emprego e a renda continuarão a enfrentar ajustes. "Esse é o objetivo da política econômica e está tendo êxito", disse o economista.

Perfeito espera que o PIB, que será divulgado nesta quarta-feira, 31, pelo IBGE, encerre o segundo trimestre com crescimento de 0,6% em relação ao primeiro trimestre do ano.

"Estou mais otimista que meus colegas economistas, porque a indústria veio bem no trimestre e porque a balança comercial também veio bem", disse.

 

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